São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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EM SILÊNCIO
Entidades de classe e empresariado devem aguardar até segunda-feira para avaliar a crise
Empresários não vão se manifestar

FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local

Não estão previstas manifestações ou articulações de entidades empresariais, nos próximos dias, de apoio ou crítica ao governo por causa da turbulência na economia. Os empresários estão mais dedicados a avaliar prejuízos e a projetar os efeitos da desvalorização. As entidades de classe também deverão guardar silêncio até segunda-feira.
A "Ação Empresarial", movimento que reúne os maiores empresários do país -como Jorge Gerdau Johannpeter e Emilio Odebrecht-, não pensa em reeditar iniciativas para tentar elevar o astral da sociedade.
A campanha do "Alto Astral" -peças de publicidade das empresas, maquiadas com mensagens de otimismo e fé no Plano Real- foi abortada e se esgotou no período em que pretendia ajudar a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Curiosamente, a saída de Gustavo Franco da presidência do Banco Central trouxe à tona o mito de que entidades como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) teriam recuperado o poder de derrubar autoridades do governo. As declarações de Horácio Piva, ao negar que a Fiesp tenha pedido a cabeça de Franco, escondem a realidade de que estão longe as condições que permitiram a fritura, por exemplo, do ministro Dilson Funaro, no governo Sarney.
No sentido inverso, quem caiu foi o então diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Mário Bernardini, em julho de 1994. Ele perdeu o cargo ao afirmar que o nível das taxas de juros davam caráter recessivo ao Real.
A previsão de Bernardini -que se confirmaria depois- obrigou o então presidente da Fiesp, Moreira Ferreira, a telefonar ao ministro Rubens Ricupero pedindo desculpas.
A Fiesp, agora sob o comando de Piva, não teria pedido a cabeça de Franco. As manifestações nesse sentido foram consideradas isoladas, tendo partido do diretor Roberto Nicolau Jeha, que, ao lado de Bernardini, é um dos críticos da política econômica.
A incontinência de Jeha também já lhe havia custado, na gestão Moreira Ferreira, a perda da coordenação do grupo de política industrial. Reconduzido à Fiesp por Piva, Jeha, anteontem, evitou pronunciamentos.



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