São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rumor de quebra tornou o socorro inevitável, diz banco

Segundo TV, Bear Stearns estaria sendo oferecido a bancos; ação caiu 47%

CEO do Bear Stearns diz que resultado do 1º trimestre, que foi adiantado para segunda-feira, ficará dentro da expectativa de analistas

DA REDAÇÃO

Uma das alternativas para o Bear Stearns, fundado em 1923, pode ser a sua venda para o próprio JPMorgan Chase, que é a instituição que o está ajudando na operação com o Fed (o banco central americano). A alternativa foi cogitada pela TV CNBC. Ela afirmou ainda que outras instituições financeiras foram procuradas e que o quinto maior banco de investimento dos EUA está sendo "oferecido ativamente".
O JPMorgan Chase disse em comunicado que vai "trabalhar de maneira próxima" com o banco de investimento para encontrar uma solução para a sua crise financeira. O presidente-executivo do Bear Stearns, Alan Schwartz, afirmou que o banco estuda uma série de opções.
No mês passado, o governo do Reino Unido nacionalizou temporariamente o Northern Rock (a quinta maior instituição de financiamento do país), depois de rejeitar duas propostas do setor privado.
Com o anúncio da ajuda, as Bolsas americanas, que começaram o dia em alta, animadas com os dados da inflação ao consumidor no mês passado, desabaram. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, caiu 1,60%. Ainda assim, graças à alta da terça -após o Fed divulgar os leilões-, terminou a semana com alta de 0,48%. No ano, ele tem prejuízo de 9,9%. A Nasdaq se desvalorizou ontem em 2,26%, e o S&P 500, em 2,08%.
As ações do Bear Stearns chegaram a perder mais da metade do seu valor ontem e terminaram o dia com baixa de 47,37%, com perda acumulada de mais de 57% nesta semana. Os papéis do Lehman Brothers caíram 14,63% ontem, e os do JPMorgan Chase, 4,12%.
Schwartz, que na quarta-feira afirmou que a liquidez da instituição continuava "forte", atribuiu os problemas do banco ao rumores de quebra. "Nós tentamos enfrentar e dispersar esses rumores, separando os fatos da ficção", disse ontem em nota. "Apesar disso, em meio ao falatório do mercado, nossa posição de liquidez se deteriorou significativamente nas últimas 24 horas."
Schwartz afirmou ainda que não houve "mudanças materiais" no poder financeiro do banco e que o resultado do primeiro trimestre fiscal ficará dentro das expectativas dos analistas. Inicialmente marcada para quarta-feira, a divulgação do balanço foi antecipada ontem para segunda-feira.
No trimestre fiscal encerrado em 30 de novembro de 2007, a instituição perdeu US$ 854 milhões, afetada pelos investimentos em títulos lastreados em hipotecas "subprime" (de alto risco). Foi o primeiro resultado negativo na história da instituição. No ano passado, ela lucrou US$ 233 milhões, 89% menos que em 2006.
O Bear Stearns foi uma das instituições mais afetadas pelos problemas no mercado de "subprime" nos EUA e dois de seus fundos de hedge foram fechados no meio do ano passado -em um dos primeiros sinais da crise no setor financeiro.
Em outubro do ano passado, ele negociou um acordo de injeção de US$ 1 bilhão com a Citic Securities, instituição financeira do governo chinês. Porém, segundo o "Financial Times", o negócio, que ainda não foi aprovado pelos chineses, não deve seguir adiante.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Roberto Rodrigues: Ramos e Páscoa
Próximo Texto: Artigo: Ajuda mostra gravidade da crise
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.