São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Inflação é "doença desgraçada", diz presidente

VERIDIANA RIBEIRO
DA ENVIADA ESPECIAL A ARARAQUARA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou ontem Araraquara (interior paulista) para dar início a duas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), aproveitou a platéia de aproximadamente 500 pessoas para fazer um discurso inflamado sobre os rumos da economia do país, embalado pelo crescimento do PIB de 5,4%, anunciado nesta semana. Lula afirmou que o país está vivendo "um momento mágico", o melhor dos últimos 30 anos.
Lula, no entanto, advertiu para o risco da volta da inflação, que classificou como uma "doença desgraçada". "Existia entre os economistas do governo uma lógica de que o Brasil não poderia crescer mais que 3% por ano, e nós estamos comprovando que pode crescer 4%, 5%, 6% ao ano de forma sustentada. O que não pode é o consumo crescer mais que a capacidade de produção do país. Até pode, porque nós podemos importar um pouco. Só temos que ter cuidado para que a doença desgraçada da inflação não volte", afirmou.
O principal destaque do PIB em 2007 ficou por conta do consumo das famílias, que teve alta de 6,5%. Cresceram as preocupações, entre analistas e o próprio BC, de pressões inflacionárias em razão da alta demanda. A autoridade monetária, em sua última reunião, sinalizou elevar os juros.
O presidente fez questão de destacar o programa Bolsa Família, do governo federal, que atende 11 milhões de famílias. "Tem gente que critica, que fala que o governo deveria fazer mais investimentos. Porque nesse país se acostumaram a achar que dinheiro que vai para os ricos é investimento e recurso que vai para os pobres é gasto", afirmou.
Lula aproveitou para fazer uma retrospectiva do seu primeiro mandato e criticou os que dizem que seu governo tem "sorte". "Quando eu assumi, alguns falaram "coitado do Lula, o Brasil está quebrado". Nós tínhamos apenas US$ 40 bilhões em reservas e precisava pegar dinheiro emprestado do FMI [Fundo Monetário Internacional]. Hoje, o Brasil, que desde os tempos de Cabral sempre deveu para alguém, está com US$ 200 bilhões de reservas."
Segundo Lula, a tendência de crescimento da economia "vai continuar". "A gente vai poder ver uma geração vivendo os próximos 10 ou 15 anos com a economia crescendo."


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