São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Diretoria da aérea recomenda nova proposta da Varig Log, que se compromete a honrar milhas e passagens

Ex-subsidiária quer assumir Varig até maio

DA SUCURSAL DO RIO

A Varig Log apresentou nova proposta de compra da Varig anteontem. A diretoria da companhia decidiu recomendar a oferta ao Conselho de Administração e aos credores. A proposta será apresentada à 8ª Vara Empresarial na próxima segunda-feira. O empresário Marco Antonio Audi, sócio da Volo do Brasil, empresa que controla a Varig Log, prevê que até o início de maio a venda já tenha sido concluída.
O valor da oferta subiu de US$ 350 milhões para US$ 400 milhões. O número de funcionários deverá ser reduzido para 6.400. Anteontem, a Varig já havia formalizado a aceitação dos trabalhadores a uma proposta de redução dos salários em 30% e de cortes de 2.900 postos de trabalho.
Audi aposta em uma solução rápida em razão da crise que a Varig atravessa. "A cada dia que passa, a empresa vai perdendo mais mercado. Ela está se destruindo. Quanto antes fechar o negócio, melhor para a própria empresa", disse. Ele se compromete a honrar as milhas dos clientes Smiles e as passagens vendidas.
Para validar o negócio, no entanto, a Varig Log vai precisar contar com a aprovação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Audi tinha duas ações de execução fiscal por dívida com o INSS, o que impedia a aprovação final da agência para a transferência de ações da Varig Log. O empresário informou que já quitou a dívida de R$ 838,8 mil.
Para a Anac, no entanto, a Volo ainda não é a proprietária da Varig Log. "Para nós, a Varig Log ainda é LB", disse Milton Zuanazzi, diretor-geral da agência. Ele se refere ao consórcio Aero-LB, do qual fazia parte a aérea portuguesa TAP, que, no ano passado, comprou a Varig Log e a VEM por US$ 62 milhões. Posteriormente, a Aero-LB vendeu sua participação na Varig Log para a Volo, constituída no Brasil pelo fundo Matlin Patterson, dos EUA.
Segundo Zuanazzi, nada impede que sejam apresentados novos documentos no processo de venda da Varig Log para a Volo e a agência venha a aprovar a operação, mas isso ainda não ocorreu.
Segundo Audi, a nova proposta preserva 15 mil postos de trabalho, incluindo os trabalhadores da Varig, da Sata e da VEM, empresas que têm a aérea como principal cliente. A própria Varig Log também é beneficiada com a preservação da Varig porque usa a barriga dos aviões da empresa.

Aerus
Para Audi, a intervenção no Aerus não modifica a votação. "Independentemente de o fundo ter sofrido uma intervenção, o processo de votação continua o mesmo, os credores têm que aprovar a proposta em assembléia", disse.
O ex-presidente do fundo, Odilon Junqueira, era um dos principais críticos em relação à proposta. Quando foi demitido, disse ter sido afastado por não querer que a Varig fosse vendida "a preço vil" para um fundo estrangeiro -referência ao Matlin Patterson.
Segundo Audi, o fundo americano tem o compromisso de permanecer na Varig por pelo menos sete anos. Depois disso, pode renovar sua participação por mais dois anos. Na avaliação do empresário, esse período seria suficiente para que a Varig voltasse a ser líder de mercado. (JANAINA LAGE)


Colaborou Humberto Medina, da Sucursal de Brasília

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