São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Emergentes querem peso maior no FMI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá liderar a pressão para conseguir maior peso dos países emergentes nas instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. O Brasil será o porta-voz das reuniões de cúpula do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) e do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), entre hoje e amanhã, em Brasília.
Para reforçar a pressão, que vem sendo sistematicamente feita em reuniões do gênero mundo afora, Lula usará um dado considerado impactante pelo governo brasileiro: os quatro países do Bric já aportaram cerca de US$ 100 bilhões no Banco Mundial e no FMI.
Como Lula dirá, ao ler a declaração conjunta na reunião de amanhã, o Bric quer ter, nesses organismos, voz e voto correspondentes a esse montante de recursos.
A expectativa é que a reunião tenha uma pauta predominantemente econômica, mas com um resultado político: como não deverá haver nenhuma decisão concreta em nenhuma área, os fatos mais importantes são mesmo as reuniões ou as fotos que sairão delas e rodarão o mundo.
A intenção do Brasil ao sediar os dois encontros é demonstrar a unidade dos emergentes, depois que a crise do ano passado foi gerada na grande potência, os Estados Unidos, e teve as consequências mais graves justamente entre as nações mais desenvolvidas.
Segundo dados divulgados ontem pelo Itamaraty, o crescimento dos países do Bric entre 2003 e 2007 representou 65% de toda a expansão do PIB internacional. No ano passado, em plena crise, o PIB dos quatro atingiu US$ 16,3 trilhões, o que corresponde a 23,4% da economia mundial.
Num outro dado, a corrente de comércio entre o Brasil e seus parceiros de Bric cresceu 382% de 2003 a 2008, passando de US$ 10,7 bilhões para US$ 51,7 bilhões.
Os resultados mais concretos são esperados nos encontros oficiais bilaterais que Lula terá com o presidente da China, Hu Jintao -que manteve a viagem, apesar do terremoto que matou mais de 500 pessoas no país-, e com o primeiro ministro da Índia, Manmohan Singh.
Além deles, estarão também em Brasília os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e da África do Sul, Jacob Zuma.
Como eles já fizeram viagens oficiais ao Brasil anteriormente, serão recebidos por Lula quase como numa cortesia de anfitrião, mas sem pauta de trabalho.
Entre os encontros paralelos às cúpulas, haverá hoje de manhã uma reunião dos chanceleres do Ibas com o da Autoridade Palestina, Riad Malik, e uma outra do brasileiro Celso Amorim com o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy.


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