São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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Redução na gasolina e aumento no diesel deram ganhos à Petrobras

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras está fazendo hoje, quando entram em vigor os novos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias, um "movimento de morcego", na imagem feita por um analista do mercado de petróleo. A estatal mordeu ao aumentar o preço do diesel na refinaria em 4,35% e soprou ao reduzir o da gasolina em 1,08%.
O sopro, de acordo com os especialistas do mercado, foi tão fraco que não deve se fazer sentir no preço da gasolina nas bombas de abastecimento, mas a mordida vai doer no bolso dos transportadores de cargas, com possíveis reflexos nos fretes e nos preços dos produtos transportados.
Para a estatal, o produto da equação será mais faturamento e mais lucro. Explica-se: segundo os números oficiais do ano passado, enquanto a gasolina representa 19,2% do total de combustíveis vendidos pela empresa, o diesel equivale a 34,6% (44,5% a mais).
Com os reajustes, a Petrobras passa a faturar mais R$ 23 por mil litros de diesel vendidos -o preço, para a empresa, passou de R$ 0,4620 para R$ 0,4850. Perde, por outro lado, R$ 10,80 por mil litros de gasolina -o litro para a empresa caiu de R$ 0,5058 para R$ 0,4950. A diferença positiva para a estatal é de R$ 12,20 por mil litros de cada um dos dois produtos.
A Petrobras divulgou que os reajustes tomaram por base uma alta de 6,36% no preço do diesel e uma baixa de 0,34% na cotação da gasolina no mercado do Golfo do México.
Esse mercado, cujo centro é a cidade de Houston (EUA), é o mais dinâmico do mundo e por isso suas cotações são as mais usadas como parâmetros internacionais, de acordo com os especialistas.
Segundo um dos analistas ouvidos pela Folha, do ponto de vista do mercado de ações, a atuação da estatal acabou sendo lucrativa. Mas ele questionou a validade da redução de preço da gasolina. Para o analista, a redução não terá nenhum efeito para o consumidor e vai funcionar, no máximo, como uma peça de marketing.
Em um cenário de preços do petróleo subindo, ele avalia que a empresa está correndo o risco de nos próximos dias ter o desgaste de fazer um aumento bem maior que a redução anunciada.
Do ponto de vista da inflação, o saldo é negativo. Segundo Paulo Sidney Cota, chefe do Centro de Estudos de Preços da Fundação Getúlio Vargas, o aumento do diesel vai pesar 0,17 ponto percentual sobre os preços no atacado, enquanto a redução da gasolina significará baixa de 0,04 ponto.



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