|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Redução na gasolina e aumento no diesel deram ganhos à Petrobras
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras está fazendo hoje,
quando entram em vigor os novos preços da gasolina e do óleo
diesel nas refinarias, um "movimento de morcego", na imagem
feita por um analista do mercado
de petróleo. A estatal mordeu ao
aumentar o preço do diesel na refinaria em 4,35% e soprou ao reduzir o da gasolina em 1,08%.
O sopro, de acordo com os especialistas do mercado, foi tão fraco
que não deve se fazer sentir no
preço da gasolina nas bombas de
abastecimento, mas a mordida
vai doer no bolso dos transportadores de cargas, com possíveis reflexos nos fretes e nos preços dos
produtos transportados.
Para a estatal, o produto da
equação será mais faturamento e
mais lucro. Explica-se: segundo
os números oficiais do ano passado, enquanto a gasolina representa 19,2% do total de combustíveis
vendidos pela empresa, o diesel
equivale a 34,6% (44,5% a mais).
Com os reajustes, a Petrobras
passa a faturar mais R$ 23 por mil
litros de diesel vendidos -o preço, para a empresa, passou de R$
0,4620 para R$ 0,4850. Perde, por
outro lado, R$ 10,80 por mil litros
de gasolina -o litro para a empresa caiu de R$ 0,5058 para R$
0,4950. A diferença positiva para a
estatal é de R$ 12,20 por mil litros
de cada um dos dois produtos.
A Petrobras divulgou que os
reajustes tomaram por base uma
alta de 6,36% no preço do diesel e
uma baixa de 0,34% na cotação da
gasolina no mercado do Golfo do
México.
Esse mercado, cujo centro é a cidade de Houston (EUA), é o mais
dinâmico do mundo e por isso
suas cotações são as mais usadas
como parâmetros internacionais,
de acordo com os especialistas.
Segundo um dos analistas ouvidos pela Folha, do ponto de vista
do mercado de ações, a atuação
da estatal acabou sendo lucrativa.
Mas ele questionou a validade da
redução de preço da gasolina. Para o analista, a redução não terá
nenhum efeito para o consumidor e vai funcionar, no máximo,
como uma peça de marketing.
Em um cenário de preços do petróleo subindo, ele avalia que a
empresa está correndo o risco de
nos próximos dias ter o desgaste
de fazer um aumento bem maior
que a redução anunciada.
Do ponto de vista da inflação, o
saldo é negativo. Segundo Paulo
Sidney Cota, chefe do Centro de
Estudos de Preços da Fundação
Getúlio Vargas, o aumento do
diesel vai pesar 0,17 ponto percentual sobre os preços no atacado,
enquanto a redução da gasolina significará baixa de 0,04 ponto.
Texto Anterior: Governo anuncia que vai retomar produção de álcool combustível Próximo Texto: Estatal petrolífera venezuelana abre 20 postos no Norte do Brasil Índice
|