São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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DISPUTA

Equilíbrio ficaria para 2007

Déficit francês é ruim para o euro, diz alemão

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão da França de quebrar seu compromisso de atingir o equilíbrio fiscal em suas contas até 2004 foi duramente criticado pela Alemanha. Segundo o ministro das Finanças alemão, Hans Eichel, a decisão francesa pode colocar em risco a estabilidade do euro.
Em um discurso em uma conferência em Berlim, no qual eram esperadas declarações para fortalecer os laços entre Alemanha e França, Eichel aproveitou para criticar a decisão do presidente francês, Jacques Chirac.
"Não entendo como o sr. Chirac pode votar a favor [da data limite para o ajuste fiscal durante o encontro da UE" em Barcelona e dizer, poucas semanas depois, que isso não tem mais validade", disse o ministro alemão.
Depois de ratificar a decisão conjunta da UE, que determina que até 2004 todos os países do bloco devem estar com seus déficits fiscais estabilizados, Chirac voltou atrás. Prestes a enfrentar eleições legislativas em junho, o presidente prometeu reduções de impostos e aumento nos gastos públicos, o que atrasaria o equilíbrio fiscal no país para 2007. Depois de ter sido reeleito para a Presidência na disputa com o ultra-direitista Jean Marie Le Pen, Chirac busca manter sua base no Legislativo
Eichel, que é membro do Partido Social-Democrata alemão, está mais próximo dos opositores franceses de Chirac, também de orientação social-democrata. Ele pediu que, em nome da estabilidade do euro, Chirac reconsidere suas decisões.
"Não acredito que esses novos compromissos firmados [por Chirac] durem muito", afirmou Eichel.
O ministro alemão mostrou a preocupação da Alemanha em relação ao perigo que as medidas francesas representam para o pacto de estabilidade da zona do euro. Ele pediu que a França, mesmo com as pressões causadas pela recessão alemã, busque igualar suas receitas e despesas até 2004.
O ministro francês do Orçamento, Alain Lambert, disse numa conferência no fim de semana que seu país vai buscar o diálogo com seus sócios europeus sobre seus planos de orçamento. Nesse mesmo encontro, o socialista e ex-ministro das Finanças da França Laurent Fabius disse que "é preciso aderir às responsabilidades internacionais, com pragmatismo, mas lealmente". Mas, "quando um país acredita que seu déficit é muito alto, não deve aumentá-lo ainda mais".


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