São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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PROPINA

Transparência Internacional diz que construção é o setor que mais tende a ter irregularidades em nações emergentes

Relatório mapeia corrupção em 15 países

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Relatório da Transparência Internacional divulgado ontem conclui que empresas do setor da construção civil são as que mais tendem a se envolver com corrupção em países emergentes.
O documento, chamado "índice de países corruptores 2002", é baseado em 835 entrevistas feitas com executivos entre dezembro de 2001 e março de 2002 pela Transparência Internacional -organização não-governamental de combate à corrupção.
A pesquisa foi feita em 15 países com economias emergentes e fortemente importadoras -entre eles o Brasil. Eles recebem 60% do investimento estrangeiro direto em países em desenvolvimento.
Funcionários públicos de alto escalão dos países pesquisados receberam pontuações de zero a dez (veja quadro ao lado), de acordo com a propensão que têm de solicitar ou aceitar subornos -quanto menor a pontuação, maior a propensão ao suborno.
A pior pontuação (1,3) foi dada às pessoas que cuidam de licitações para obras públicas. Também receberam péssimas notas os responsáveis pela compra de armamentos (1,9) e de petróleo e gás natural (2,7).
Os funcionários públicos que trabalham nos setores ligados à agricultura, à indústria leve e à pesca foram considerados os menos corruptos. Eles receberam pontuação 5,9 -o que revela um baixo índice de honestidade nas altas cúpulas das administrações públicas dos países emergentes.
A Transparência Internacional também identificou os países de origem das empresas mais propensas a pagar ou oferecer suborno em troca de obter ou manter negócios nos países pesquisados.
Em todos os casos, os entrevistados apontaram que as empresas de seus próprios países eram as mais corruptoras. Elas obtiveram nota 1,9 no índice entre zero e dez.
Rússia (3,2), China (3,5) e Taiwan (3,8) foram considerados os países que sediam as empresas mais corruptoras do mundo, entre os principais países exportadores (veja quadro ao lado).
Os países exportadores com empresas consideradas mais honestas são Austrália (8,5), Suécia (8,4) e Suíça (8,4).
É a segunda vez que a Transparência Internacional fez esse tipo de pesquisa. Apenas dois países tiveram sua pontuação piorada: Estados Unidos (de 6,2 para 5,3) e Reino Unido (de 7,2 para 6,9). O Canadá manteve a mesma pontuação (8,1). Os outros 18 países melhoraram suas pontuações.
A Bélgica, que subiu de 6,8 para 7,8, obteve a melhora mais significativa. A Suécia perdeu a liderança do ranking para a Austrália, que estava em segundo lugar há três anos.
Apesar de ter melhorado sua pontuação (de 3,7 para 4,1), a Itália aparece na lista divulgada ontem como o quinto país exportador mais corrupto do mundo.
O Brasil não aparece no índice de países corruptores porque a presença de empresas brasileiras em países emergentes não é considerada significativa pela Transparência Internacional.
Dentre os entrevistados, 23% responderam que a corrupção em seus países aumentou nos últimos cinco anos. Para 10% do total, ela "aumentou significativamente" e, para 13%, "aumentou pouco".
Para 27% dos entrevistados, a corrupção diminuiu. "Diminuiu pouco" para 21% e "diminuiu significativamente" para 6%. Do total, 37% disseram acreditar que a corrupção não variou nos últimos cinco anos e 13% não souberam responder à pergunta.



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