|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PROPINA
Transparência Internacional diz que construção é o setor que mais tende a ter irregularidades em nações emergentes
Relatório mapeia corrupção em 15 países
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório da Transparência Internacional divulgado ontem
conclui que empresas do setor da
construção civil são as que mais
tendem a se envolver com corrupção em países emergentes.
O documento, chamado "índice
de países corruptores 2002", é baseado em 835 entrevistas feitas
com executivos entre dezembro
de 2001 e março de 2002 pela
Transparência Internacional
-organização não-governamental de combate à corrupção.
A pesquisa foi feita em 15 países
com economias emergentes e fortemente importadoras -entre
eles o Brasil. Eles recebem 60% do
investimento estrangeiro direto
em países em desenvolvimento.
Funcionários públicos de alto
escalão dos países pesquisados receberam pontuações de zero a dez
(veja quadro ao lado), de acordo
com a propensão que têm de solicitar ou aceitar subornos -quanto menor a pontuação, maior a
propensão ao suborno.
A pior pontuação (1,3) foi dada
às pessoas que cuidam de licitações para obras públicas. Também receberam péssimas notas os
responsáveis pela compra de armamentos (1,9) e de petróleo e
gás natural (2,7).
Os funcionários públicos que
trabalham nos setores ligados à
agricultura, à indústria leve e à
pesca foram considerados os menos corruptos. Eles receberam
pontuação 5,9 -o que revela um
baixo índice de honestidade nas
altas cúpulas das administrações
públicas dos países emergentes.
A Transparência Internacional
também identificou os países de
origem das empresas mais propensas a pagar ou oferecer suborno em troca de obter ou manter
negócios nos países pesquisados.
Em todos os casos, os entrevistados apontaram que as empresas
de seus próprios países eram as
mais corruptoras. Elas obtiveram
nota 1,9 no índice entre zero e dez.
Rússia (3,2), China (3,5) e Taiwan (3,8) foram considerados os
países que sediam as empresas
mais corruptoras do mundo, entre os principais países exportadores (veja quadro ao lado).
Os países exportadores com
empresas consideradas mais honestas são Austrália (8,5), Suécia
(8,4) e Suíça (8,4).
É a segunda vez que a Transparência Internacional fez esse tipo
de pesquisa. Apenas dois países
tiveram sua pontuação piorada:
Estados Unidos (de 6,2 para 5,3) e
Reino Unido (de 7,2 para 6,9). O
Canadá manteve a mesma pontuação (8,1). Os outros 18 países
melhoraram suas pontuações.
A Bélgica, que subiu de 6,8 para
7,8, obteve a melhora mais significativa. A Suécia perdeu a liderança do ranking para a Austrália,
que estava em segundo lugar há
três anos.
Apesar de ter melhorado sua
pontuação (de 3,7 para 4,1), a Itália aparece na lista divulgada ontem como o quinto país exportador mais corrupto do mundo.
O Brasil não aparece no índice
de países corruptores porque a
presença de empresas brasileiras
em países emergentes não é considerada significativa pela Transparência Internacional.
Dentre os entrevistados, 23%
responderam que a corrupção em
seus países aumentou nos últimos
cinco anos. Para 10% do total, ela
"aumentou significativamente" e,
para 13%, "aumentou pouco".
Para 27% dos entrevistados, a
corrupção diminuiu. "Diminuiu
pouco" para 21% e "diminuiu significativamente" para 6%. Do total, 37% disseram acreditar que a corrupção não variou nos últimos cinco anos e 13% não souberam
responder à pergunta.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Para 68%, países exportadores são desleais Índice
|