São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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Para 68%, países exportadores são desleais

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos entrevistados pela Transparência Internacional (68%) considera que os governos dos países exportadores usam práticas desleais no comércio internacional. Dessas pessoas, 58% identificam essas práticas em atitudes dos Estados Unidos.
Também foram apontados como usuários de práticas desleais em larga escala os governos da França (26%), do Reino Unido (19%) e do Japão (18%).
Para 66%, pressões diplomáticas, políticas, financeiras e comerciais são as práticas desleais mais comuns. Outras práticas desleais citadas foram ajuda estrangeira vinculada a certas condições (54%), ameaça de reduzir ajuda estrangeira (46%) e realização de negócios com armamentos vinculados a condições (41%).
Um tratado internacional firmado em 1999 na Convenção Anti-suborno da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) pela maioria dos países industrializados prevê a punição de funcionários de empresas que paguem propina a funcionários públicos.
Até aquele ano, apenas os Estados Unidos previam o crime de pagamento de propina no exterior. As empresas de outros países podiam incluir em seus balanços as despesas com suborno pagos no exterior.
Apesar da restrição legal, não houve melhoras significativas nas pontuações dos países corruptores. Das pessoas entrevistadas pela Transparência Internacional, somente 19% disseram ter conhecimento do tratado e, dessas, apenas 35% disseram que suas empresas passaram a adotar programas anticorrupção.
"As leis não estão sendo cumpridas devidamente. Nossa nova pesquisa não deixa nenhuma dúvida de que um grande número de corporações multinacionais está tomando um caminho ilegal para conquistar contratos nos principais países emergentes", disse Peter Eigen, presidente da Transparência Internacional.
Para ele, "os políticos e os funcionários públicos dos principais países industrializados do mundo estão ignorando a podridão em seus próprios quintais e as atividades ilegais de suborno por parte das empresas multinacionais com sede em seus países".

"Varinha de condão"
A Transparência Internacional deu a seus entrevistados a possibilidade hipotética de acabar com a corrupção em uma única instituição pública e descobriu que, segundo eles, o Judiciário é o setor que mais deve ser preservado.
Os entrevistadores perguntaram: "Se você tivesse uma varinha de condão e pudesse eliminar a corrupção dentro de uma instituição, qual seria a primeira que você escolheria?" Judiciário (21%), partidos políticos (19%) e polícia (13%) foram apontados como os setores mais importantes para que a corrupção fosse eliminada.



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