São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Bolsa de SP segue tensão mundial e cai 2,1%

Aumentam preocupações com a Europa, e mercados têm queda pelo mundo; dólar avança 1,51% e fecha a R$ 1,80

Em Madri, Bolsa recua mais de 6%; para analista, Europa precisa de mais estímulos para ter chance de recuperação

EPAMINONDAS NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os mercados alternaram momentos de euforia e desânimo nesta semana, sem enxergar dias mais calmos à frente: ontem, as Bolsas de Valores europeias e americanas se desvalorizaram de ponta a ponta, enquanto o euro descia ao fundo, batendo sua menor cotação em 18 meses.
O investidor começou a semana comemorando o plano bilionário da União Europeia para salvar a economia da zona do euro, mas encerrou o período temendo que o remédio seja amargo demais.
Espanha, Portugal e Itália, na sequência, apresentaram planos mais rigorosos para reduzir os deficit públicos, prevendo cortes e contenção de salários, aumentos de impostos e redução das aposentadorias.
Os investidores não viram motivos para ânimo: houve algum entusiasmo quando a Espanha anunciou sua proposta de cortar 15 bilhões em gastos públicos, mas a recepção foi bem mais fria no caso de Portugal e Itália.
"O mercado fica muito entusiasmado com essas medidas de rigor fiscal, mas numa economia como a Espanha, com 20% de taxa de desemprego, isso chega a ser absurdo. Num primeiro momento, [o mercado] até fica animado, mas depois cai na real", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Para o analista, as economias da Europa, combalidas pela crise de 2009, ainda precisam de estímulos, na forma de juros mais baixos, menos impostos e mais gastos públicos, para ter alguma chance de recuperação.
"O mercado faz um aposta muito errada na necessidade de um ajuste fiscal neste momento da Europa. Parece que eles estão esquecendo as lições dos anos 30", questiona.
E as piores quedas de ontem foram vistas no continente que é o atual epicentro da crise. Em Madri, o índice de ações Ibex recuou 6,64%; em Londres, as ações se desvalorizaram em 3,14% (índice FTSE), enquanto o mercado francês teve perdas de 4,59% (índice CAC).
Nos EUA, a referência global dos investidores, o índice Dow Jones (Bolsa de Nova York), retrocedeu 1,51%.
A brasileira Bovespa não teve desempenho muito melhor: recuou 2,12%.
A derrocada foi ampla: o preço da ação mais "popular" do mercado brasileiro, da Vale, recuou quase 3%. A cadeia de varejo Lojas Americanas, que multiplicou seu lucro por 30 entre o início de 2009 e o primeiro trimestre deste ano, viu sua ação cair 4,48%. A ação da Braskem, que diminuiu prejuízos, retraiu 4,36%.
Uma das poucas exceções foram os papéis da Petrobras, que revelou seus lucros ontem após o encerramento dos negócios. Sob boas expectativas, a ação preferencial da petrolífera subiu 0,56%, enquanto a ordinária teve ganho de 0,29%.
E, no dia em que o euro recuou para US$ 1,23 (o piso das cotações de ontem), o real também perdeu valor ante o dólar: a taxa de câmbio brasileira encerrou a sexta em R$ 1,804 -alta de 1,51%.
Operadores notam que os agentes financeiros aumentaram sua aversão ao risco e optam por vender ações na Bolsa e comprar dólar no mercado futuro, o que pressiona as cotações no segmento à vista.
A semana que vem não promete menos volatilidade.
Além de reagir ao lucro de R$ 7,7 bilhões da Petrobras, os investidores devem monitorar com atenção a ata do Federal Reserve, o banco central americano, com seus comentários sobre a economia dos EUA, previsto para quarta.
Outro destaque será a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) da Alemanha, país mais rico da Europa, na sexta-feira.


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