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Bolsa de SP segue tensão mundial e cai 2,1%
Aumentam preocupações com a Europa, e mercados têm queda pelo mundo; dólar avança 1,51% e fecha a R$ 1,80
Em Madri, Bolsa recua
mais de 6%; para analista,
Europa precisa de
mais estímulos para ter
chance de recuperação
EPAMINONDAS NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mercados alternaram momentos de euforia e desânimo
nesta semana, sem enxergar
dias mais calmos à frente: ontem, as Bolsas de Valores europeias e americanas se desvalorizaram de ponta a ponta, enquanto o euro descia ao fundo,
batendo sua menor cotação em
18 meses.
O investidor começou a semana comemorando o plano
bilionário da União Europeia
para salvar a economia da zona
do euro, mas encerrou o período temendo que o remédio seja
amargo demais.
Espanha, Portugal e Itália, na
sequência, apresentaram planos mais rigorosos para reduzir
os deficit públicos, prevendo
cortes e contenção de salários,
aumentos de impostos e redução das aposentadorias.
Os investidores não viram
motivos para ânimo: houve algum entusiasmo quando a Espanha anunciou sua proposta
de cortar 15 bilhões em gastos públicos, mas a recepção foi
bem mais fria no caso de Portugal e Itália.
"O mercado fica muito entusiasmado com essas medidas
de rigor fiscal, mas numa economia como a Espanha, com
20% de taxa de desemprego, isso chega a ser absurdo. Num
primeiro momento, [o mercado] até fica animado, mas depois cai na real", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Para o analista, as economias
da Europa, combalidas pela crise de 2009, ainda precisam de
estímulos, na forma de juros
mais baixos, menos impostos e
mais gastos públicos, para ter
alguma chance de recuperação.
"O mercado faz um aposta
muito errada na necessidade
de um ajuste fiscal neste momento da Europa. Parece que
eles estão esquecendo as lições
dos anos 30", questiona.
E as piores quedas de ontem
foram vistas no continente que
é o atual epicentro da crise. Em
Madri, o índice de ações Ibex
recuou 6,64%; em Londres, as
ações se desvalorizaram em
3,14% (índice FTSE), enquanto
o mercado francês teve perdas
de 4,59% (índice CAC).
Nos EUA, a referência global
dos investidores, o índice Dow
Jones (Bolsa de Nova York), retrocedeu 1,51%.
A brasileira Bovespa não teve
desempenho muito melhor: recuou 2,12%.
A derrocada foi ampla: o preço da ação mais "popular" do
mercado brasileiro, da Vale, recuou quase 3%. A cadeia de varejo Lojas Americanas, que
multiplicou seu lucro por 30
entre o início de 2009 e o primeiro trimestre deste ano, viu
sua ação cair 4,48%. A ação da
Braskem, que diminuiu prejuízos, retraiu 4,36%.
Uma das poucas exceções foram os papéis da Petrobras,
que revelou seus lucros ontem
após o encerramento dos negócios. Sob boas expectativas, a
ação preferencial da petrolífera
subiu 0,56%, enquanto a ordinária teve ganho de 0,29%.
E, no dia em que o euro recuou para US$ 1,23 (o piso das
cotações de ontem), o real também perdeu valor ante o dólar:
a taxa de câmbio brasileira encerrou a sexta em R$ 1,804
-alta de 1,51%.
Operadores notam que os
agentes financeiros aumentaram sua aversão ao risco e optam por vender ações na Bolsa
e comprar dólar no mercado
futuro, o que pressiona as cotações no segmento à vista.
A semana que vem não promete menos volatilidade.
Além de reagir ao lucro de R$
7,7 bilhões da Petrobras, os investidores devem monitorar
com atenção a ata do Federal
Reserve, o banco central americano, com seus comentários
sobre a economia dos EUA,
previsto para quarta.
Outro destaque será a divulgação do PIB (Produto Interno
Bruto) da Alemanha, país mais
rico da Europa, na sexta-feira.
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