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MERCADO TENSO
US$ 950 mi do último acordo com Fundo deverão ser utilizados, mas recursos podem não ser suficientes
BC pode antecipar saque de parcelas do FMI
LEONARDO SOUZA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo pode antecipar o saque das duas últimas parcelas do
empréstimo previsto no acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que somam cerca de
US$ 950 milhões.
A equipe econômica avalia, no
entanto, que o valor é pequeno
para aplacar um eventual agravamento da crise no mercado. Se o
cenário deteriorar, o governo
confirma que pode aumentar o
valor do empréstimo, conforme
já havia anunciado na quinta, em
Nova York, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
No mês passado, após viagem
de Fraga a Washington, o Brasil
antecipou US$ 10 bilhões a que tinha direito pelo acordo com o
Fundo. Segundo a Folha apurou,
no entanto, está descartada a possibilidade de recompor o valor
original do empréstimo, que era
de US$ 15 bilhões.
Ou seja, o país não poderia obter de volta os US$ 4,2 bilhões sacados do FMI em setembro de
2001 e pagos antecipadamente em
abril. Segundo a equipe econômica, o governo teria de negociar
uma ampliação do empréstimo.
Para a equipe econômica, é clara a disposição do Fundo em ajudar o Brasil, dadas as circunstâncias excepcionais do processo
eleitoral no país. Para os integrantes da equipe econômica, a posição flexível que o FMI tem mantido em relação ao país facilitaria a
negociação de eventual ampliação do empréstimo ou mesmo de
um novo acordo.
As últimas duas parcelas do empréstimo, pelo cronograma normal do acordo, só poderiam ser
sacadas, separadamente, em 30 de
agosto e 29 de novembro. Pelos
valores de hoje, cada parcela seria
de US$ 474 milhões.
Nos dois casos, para que o dinheiro fosse liberado, o Brasil teria de cumprir as metas previstas
no acordo, como superávits primários (receitas menos despesas,
sem incluir gastos com juros da
dívida pública) a serem gerados.
Como o Brasil tem cumprido
todas as metas condicionantes à
liberação de recursos, isso não seria um empecilho, como não foi
no mês passado.
Expectativas
Na quinta-feira, quando Fraga
teve encontros com o secretário
do Tesouro dos EUA, Paul
O'Neill, com o presidente do Fed
(o BC americano), Alan Greenspan, e com o diretor-gerente do
FMI, Horst Köhler, o dólar, os juros no mercado futuro e o risco-país caíram, influenciados pela
expectativa de que novas medidas
pudessem ser anunciadas. Em
Nova York, o presidente do BC
brasileiro disse apenas que estava
sendo discutida nova ajuda financeira de contingência para o país.
Ele não deu detalhes, mas uma
possibilidade, além de novo empréstimo, seria reduzir, mais uma
vez, o piso das reservas líquidas
do país em moeda estrangeira.
Se isso fosse feito novamente,
provavelmente haveria novo impacto positivo sobre as expectativas em relação ao dólar. Ou seja, a
cotação do dólar tenderia a cair.
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