São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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MERCADO TENSO

US$ 950 mi do último acordo com Fundo deverão ser utilizados, mas recursos podem não ser suficientes

BC pode antecipar saque de parcelas do FMI

LEONARDO SOUZA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pode antecipar o saque das duas últimas parcelas do empréstimo previsto no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que somam cerca de US$ 950 milhões.
A equipe econômica avalia, no entanto, que o valor é pequeno para aplacar um eventual agravamento da crise no mercado. Se o cenário deteriorar, o governo confirma que pode aumentar o valor do empréstimo, conforme já havia anunciado na quinta, em Nova York, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
No mês passado, após viagem de Fraga a Washington, o Brasil antecipou US$ 10 bilhões a que tinha direito pelo acordo com o Fundo. Segundo a Folha apurou, no entanto, está descartada a possibilidade de recompor o valor original do empréstimo, que era de US$ 15 bilhões.
Ou seja, o país não poderia obter de volta os US$ 4,2 bilhões sacados do FMI em setembro de 2001 e pagos antecipadamente em abril. Segundo a equipe econômica, o governo teria de negociar uma ampliação do empréstimo.
Para a equipe econômica, é clara a disposição do Fundo em ajudar o Brasil, dadas as circunstâncias excepcionais do processo eleitoral no país. Para os integrantes da equipe econômica, a posição flexível que o FMI tem mantido em relação ao país facilitaria a negociação de eventual ampliação do empréstimo ou mesmo de um novo acordo.
As últimas duas parcelas do empréstimo, pelo cronograma normal do acordo, só poderiam ser sacadas, separadamente, em 30 de agosto e 29 de novembro. Pelos valores de hoje, cada parcela seria de US$ 474 milhões.
Nos dois casos, para que o dinheiro fosse liberado, o Brasil teria de cumprir as metas previstas no acordo, como superávits primários (receitas menos despesas, sem incluir gastos com juros da dívida pública) a serem gerados.
Como o Brasil tem cumprido todas as metas condicionantes à liberação de recursos, isso não seria um empecilho, como não foi no mês passado.

Expectativas
Na quinta-feira, quando Fraga teve encontros com o secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, com o presidente do Fed (o BC americano), Alan Greenspan, e com o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, o dólar, os juros no mercado futuro e o risco-país caíram, influenciados pela expectativa de que novas medidas pudessem ser anunciadas. Em Nova York, o presidente do BC brasileiro disse apenas que estava sendo discutida nova ajuda financeira de contingência para o país.
Ele não deu detalhes, mas uma possibilidade, além de novo empréstimo, seria reduzir, mais uma vez, o piso das reservas líquidas do país em moeda estrangeira.
Se isso fosse feito novamente, provavelmente haveria novo impacto positivo sobre as expectativas em relação ao dólar. Ou seja, a cotação do dólar tenderia a cair.


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