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InBev torna-se maior cervejaria do mundo
Companhia belgo-brasileira fecha compra, por US$ 52 bilhões, da americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser
Brasileiros Lemann, Sicupira e Telles são os maiores investidores individuais no controle da InBev, chefiada pelo brasileiro Carlos Brito
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A união entre as cervejarias
americana Anheuser-Busch e
belgo-brasileira InBev, confirmada ontem, criará a terceira
maior empresa de bens de consumo do mundo em valor de
mercado. Valendo hoje aproximadamente US$ 114,15 bilhões
(cerca de R$ 183 bilhões), a
companhia ficará atrás apenas
da Procter & Gamble e da Nestlé. Será a maior cervejaria,
com produção estimada de 46
bilhões de litros e receitas de
US$ 36,4 bilhões por ano.
A InBev pagará pela Anheuser-Busch, à vista, em dinheiro,
US$ 52 bilhões, ou US$ 70 por
ação -27% acima do maior valor já alcançado pelo papel, em
2002. Para levantar esse montante, a InBev tomará empréstimos de grandes bancos (US$
45 bilhões) e vai se desfazer,
também, de alguns ativos (US$
7 bilhões). Em até seis meses,
decide se aumentará o capital
em US$ 9,8 bilhões por meio de
lançamento de novas ações.
A InBev surgiu em 2004,
quando a AmBev -nascida da
compra da Antarctica pela
Brahma em 1999- foi vendida
à belga Interbrew. Dentro do
bloco de controle, que detém
65% das ações da companhia,
os maiores acionistas individuais são os brasileiros Jorge
Paulo Lemann, Beto Sicupira e
Marcel Telles, mas o grupo dos
belgas possui uma participação
maior que a do trio.
O atual presidente-executivo
da InBev, o também brasileiro
Carlos Brito, assumirá o comando da gigante formada com
a Anheuser-Busch. "A operação vai juntar o que há de melhor nas duas empresas", disse
Brito em teleconferência com
jornalistas, referindo-se à estrutura global e ao estilo de administração da InBev e às marcas fortes e o rígido controle de
qualidade da americana.
A principal estratégia da agora chamada Anheuser-Busch
InBev será levar as cervejas
Budweiser e Bud Light para os
mercados emergentes, fazendo
delas o carro-chefe da empresa.
O Conselho de Administração da nova companhia será
formado pelos atuais diretores
do conselho da InBev mais August Busch 4º, presidente da
tradicional cervejaria americana e tataraneto do seu fundador, e outro diretor membro do
conselho da Anheuser-Busch.
Segundo Brito, a sobreposição de operações das duas empresas somente se dá na China
e no Reino Unido, e as sinergias
proporcionarão uma economia
anual de US$ 1,5 bilhão. "São
complementares", disse ele.
Durante a teleconferência,
Brito e Busch 4º tiveram que
responder diversas vezes às
perguntas feitas por jornalistas
americanos sobre um eventual
fechamento de fábricas nos
EUA, com demissão de funcionários, mas os executivos afirmaram que isso não está nos
planos. A cidade de St. Louis,
Missouri, continuará sendo a
sede da Anheuser-Busch, que
se tornará subsidiária da InBev.
Como a Budweiser é considerada ícone do país, a transação
tem provocado protestos.
Procurados pela reportagem,
rivais que atuam no Brasil como Femsa (Kaiser, Sol), Schincariol e Cervejaria Petrópolis
(Itaipava, Crystal) não quiseram comentar a compra.
Colaborou TATIANA RESENDE, da Redação
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