São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

InBev torna-se maior cervejaria do mundo

Companhia belgo-brasileira fecha compra, por US$ 52 bilhões, da americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser

Brasileiros Lemann, Sicupira e Telles são os maiores investidores individuais no controle da InBev, chefiada pelo brasileiro Carlos Brito

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A união entre as cervejarias americana Anheuser-Busch e belgo-brasileira InBev, confirmada ontem, criará a terceira maior empresa de bens de consumo do mundo em valor de mercado. Valendo hoje aproximadamente US$ 114,15 bilhões (cerca de R$ 183 bilhões), a companhia ficará atrás apenas da Procter & Gamble e da Nestlé. Será a maior cervejaria, com produção estimada de 46 bilhões de litros e receitas de US$ 36,4 bilhões por ano.
A InBev pagará pela Anheuser-Busch, à vista, em dinheiro, US$ 52 bilhões, ou US$ 70 por ação -27% acima do maior valor já alcançado pelo papel, em 2002. Para levantar esse montante, a InBev tomará empréstimos de grandes bancos (US$ 45 bilhões) e vai se desfazer, também, de alguns ativos (US$ 7 bilhões). Em até seis meses, decide se aumentará o capital em US$ 9,8 bilhões por meio de lançamento de novas ações.
A InBev surgiu em 2004, quando a AmBev -nascida da compra da Antarctica pela Brahma em 1999- foi vendida à belga Interbrew. Dentro do bloco de controle, que detém 65% das ações da companhia, os maiores acionistas individuais são os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, mas o grupo dos belgas possui uma participação maior que a do trio.
O atual presidente-executivo da InBev, o também brasileiro Carlos Brito, assumirá o comando da gigante formada com a Anheuser-Busch. "A operação vai juntar o que há de melhor nas duas empresas", disse Brito em teleconferência com jornalistas, referindo-se à estrutura global e ao estilo de administração da InBev e às marcas fortes e o rígido controle de qualidade da americana.
A principal estratégia da agora chamada Anheuser-Busch InBev será levar as cervejas Budweiser e Bud Light para os mercados emergentes, fazendo delas o carro-chefe da empresa.
O Conselho de Administração da nova companhia será formado pelos atuais diretores do conselho da InBev mais August Busch 4º, presidente da tradicional cervejaria americana e tataraneto do seu fundador, e outro diretor membro do conselho da Anheuser-Busch.
Segundo Brito, a sobreposição de operações das duas empresas somente se dá na China e no Reino Unido, e as sinergias proporcionarão uma economia anual de US$ 1,5 bilhão. "São complementares", disse ele. Durante a teleconferência, Brito e Busch 4º tiveram que responder diversas vezes às perguntas feitas por jornalistas americanos sobre um eventual fechamento de fábricas nos EUA, com demissão de funcionários, mas os executivos afirmaram que isso não está nos planos. A cidade de St. Louis, Missouri, continuará sendo a sede da Anheuser-Busch, que se tornará subsidiária da InBev.
Como a Budweiser é considerada ícone do país, a transação tem provocado protestos.
Procurados pela reportagem, rivais que atuam no Brasil como Femsa (Kaiser, Sol), Schincariol e Cervejaria Petrópolis (Itaipava, Crystal) não quiseram comentar a compra.


Colaborou TATIANA RESENDE, da Redação


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Budweiser entrará no país como marca premium
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.