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OCDE recomenda fim dos incentivos fiscais no país
Argumento é que gasto maior e receita menor levam ao desequilíbrio das contas
OCDE também sugere a redução da meta de inflação para 2011; Mantega diz que a questão já foi decidida, com a meta fixada em 4,5%
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de fazer uma avaliação positiva da economia brasileira, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) alerta para o aumento dos gastos orçamentários no Brasil. Entre uma
série de sugestões para a política econômica brasileira, o grupo diz que não é aconselhável
tomar novas medidas fiscais
para conter a crise.
O argumento da OCDE é que
a elevação das despesas e a queda de receita levam ao desequilíbrio das contas do governo. As
mais recentes ações do Brasil
contra a crise foram as desonerações tributárias concedidas a
diversos setores, como o de automóveis, e o anúncio de subsídio para o programa Minha Casa, Minha Vida.
"Medidas fiscais adicionais
para conter a crise não são
aconselháveis, a menos que a
atividade econômica se enfraqueça muito mais", diz o relatório. As sugestões partem do
grupo formado por países que
não só estão no epicentro da
crise. A OCDE é formada por
30 países, quase todos industrializados.
A maioria dos conselhos segue a teoria ortodoxa, principalmente em relação à gestão
do orçamento público. São medidas que estavam na cartilha
do FMI (Fundo Monetário Internacional) no fim dos anos 90
e começaram a ser questionadas com a crise econômica.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não admitiu que a
análise da OCDE sobre a economia brasileira tecia algumas
críticas ao país. Mas o ministro
não perdeu a oportunidade de
defender seu trabalho, principalmente em relação às medidas contra a crise.
"Nem gastamos tanto com
essas medidas. Fizemos políticas anticíclicas sem danos para
as contas públicas." O ministro
afirmou que as desonerações
tributárias custaram entre R$
10 bilhões e R$ 15 bilhões até
agora aos cofres públicos, enquanto a China fez um pacote
de medidas de R$ 580 bilhões.
Outra proposta que estava no
relatório do grupo foi a redução
da meta de inflação para 2011,
talvez com a diminuição do intervalo de tolerância. Mais uma
vez, Mantega defendeu a posição do governo. Ele disse que
essa questão já foi decidida. A
meta foi mantida em 4,5%, com
intervalo de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A manutenção da meta
permitirá que o BC não tenha
de apertar o cinto da política de
juros em ano de inflação.
A apresentação do relatório
sobre o Brasil foi feita no Ministério da Fazenda, em Brasília, pelo secretário-geral da
OCDE, Angel Gurría. Ele teceu
elogios à política macroeconômica do país, ao seguir o tripé
de metas de inflação, câmbio
flutuante e responsabilidade
fiscal. "A boa gestão de metas
fiscais do passado abriu espaço
para políticas anticíclicas."
Outra sugestão da OCDE é
que o Brasil "mantenha a prudência na política macroeconômica, que levará ao crescimento rápido e sustentável". A organização elogia as medidas de
redução da taxa básica de juros
e aumento de liquidez no mercado financeiro com a redução
dos depósitos compulsórios.
Mas sugere que o BC continue
reduzindo os juros básicos.
Apesar de a OCDE recomendar que não se tomem novas
medidas fiscais contra a crise,
Gurría disse que o país deveria
reduzir os tributos sobre a folha de pagamentos. Para ele, os
desafios enfrentados hoje pelo
Brasil são a aprovação da reforma tributária e o ganho de eficiência do Estado, principalmente em relação aos gastos.
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