São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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CONCORRÊNCIA

Consumidor experimenta novas marcas, o que eleva a participação de empresas diferentes em certos nichos

Mercado fica mais pulverizado em 2002

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As piores colocadas no ranking das maiores empresas do país (por setor) abocanharam mais mercado em 2002, ano de renda em decadência e demanda em marcha lenta. Ganharam participação de mercado companhias como Italac (no setor de leites), Parmalat -que cresceu no segmento dos iogurtes- e a Kaiser, que disputa, à distância, as gôndolas com Brahma e Skol. Resultado: no primeiro semestre do ano, em relação a dezembro de 2001, o mercado brasileiro ficou menos concentrado.
No setor do café torrado, por exemplo, a norte-americana Sara Lee - dona das marcas Pilão, Café do Ponto e Caboclo- passou de uma participação de 23,6% em 2001 para 20,7% em junho de 2002 (em volume vendido). Já o café Bom Dia, empresa do sul de Minas Gerais e com uma fábrica, passou de 2,2% para 2,7%.
Os dados foram compilados pelo Instituto de Pesquisas Nielsen e obtidos pela Folha.
Se alguns perderam, outros apenas mantiveram o tamanho do bolo. A Parmalat, com 16 fábricas e gasto anual de R$ 7,7 milhões só em campanhas para reforçar sua marca, não ganhou mercado. Ela era responsável por 19,2% das vendas de leite integral em 2001, a mesma taxa do semestre passado.
No mesmo período, a Italac, empresa goiana de sete anos de idade, ganhou 0,7 ponto percentual, alcançando 5,1% de participação no segmento de leite integral em junho passado.
Mudanças em segmentos extremamente concentrados também foram verificadas. A Unilever, dona do Omo -produto presente em sete de cada dez casas-, perdeu pontos. A empresa caiu de 73,6% de participação em 2001 para 69,9% neste ano. A Procter & Gamble foi na esteira -perdeu 0,4 ponto. Parece pouco, mas não é. "A briga ocorre a cada pontinho. Qualquer perda causa um baque", diz Eugênio Foganholo, analista de varejo.
Sobram razões que explicam os movimentos de ligeira desconcentração em 2002. Um cenário de incertezas leva o brasileiro a gastar menos. E a fazer mais trocas nas prateleiras dos supermercados - logo, a tornar menos concentrado o mercado.
Em julho, a renda do trabalhador no país caiu 3,1% em relação a julho de 2001. E o tempo médio gasto pelo trabalhador para achar uma nova vaga cresceu. "Se tivermos uma recuperação de renda logo, então tudo muda com novas movimentações nos rankings", afirma Luis Marini, sócio da área de produtos de consumo e varejo da PricewaterhouseCoopers.


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