São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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Produtor de sementes pode obter até R$ 2,1 bi

SANDRA BALBI
MARCELO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Lei de Biossegurança, em tramitação no Senado, poderá gerar receita de R$ 1,4 bilhão a R$ 2,1 bilhões aos produtores de sementes de soja transgênica durante a safra 2005/6. O projeto de lei em discussão deverá autorizar e disciplinar a venda de sementes geneticamente modificadas no país, entre outras medidas.
"Não é um mercado milionário e nunca será", diz Pedro Moreira, chefe da unidade de transferência de tecnologia da Embrapa, que tem sete cultivares de soja transgênica registrados.
A estimativa do tamanho do negócio que será criado com a aprovação da lei foi feita com base na área plantada de soja, neste ano, de cerca de 20 milhões de hectares e na estimativa de que apenas 10% da área total será ocupada, no futuro, por sementes transgênicas certificadas. Seria necessário 1,4 milhão de toneladas de sementes para cobrir tal área.
"O uso de sementes clandestinas, que cresceu nos últimos anos, limitará o nível de utilização da semente legal", prevê o engenheiro agrônomo. Ele calcula que o preço dessa semente oscilará entre R$ 1.000 e R$ 1.500 por tonelada. Além disso, a aceitação do produto dependerá da relação custo-benefício que o agricultor poderá obter.
Os testes feitos pela Embrapa, durante o desenvolvimento de sementes transgênicas de soja, revelaram que a produtividade está no mesmo nível das sementes convencionais, segundo Moreira.
Hoje, cerca de sete empresas locais de pesquisa têm autorização da CTNBio (Comissão Técnica de Biossegurança) para desenvolver cultivares (tipos da planta) de soja geneticamente modificada, adaptadas às condições do país. Elas fornecerão essa semente básica, certificada, a cerca de 18 produtores de sementes que colocarão o produto no mercado.
O processo de desenvolvimento de sementes transgênicas no país está na primeira fase. Elas ainda serão certificadas, e não entraram em produção. Mesmo que a Lei de Biossegurança seja aprovada já, não haveria sementes para atender à safra que começará a ser plantada em outubro.

Greenpeace
A coordenadora de engenharia genética do Greenpeace, Mariana Paoli, espera que a negociação no Senado para a aprovação da Lei de Biossegurança preserve as características do projeto enviado pela Câmara dos Deputados.
Segundo ela, o trâmite para a liberação de transgênicos deve ser multidisciplinar. "Se o projeto for igual ao que chegou ao Senado, não é bom, mas permite um mínimo de responsabilidade. A avaliação deve ser feita pela CTNBio, pelos ministérios da área (Saúde, Agricultura e Meio Ambiente) e pelo conselho de ministros."
A organização é contra a comercialização imediata da soja transgênica por não haver estudos para garantir o consumo seguro do produto. "Corremos o risco de que essa decisão [sobre a soja] abra um precedente", disse.


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