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Produtor de sementes
pode obter até R$ 2,1 bi
SANDRA BALBI
MARCELO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Lei de Biossegurança, em tramitação no Senado, poderá gerar
receita de R$ 1,4 bilhão a R$ 2,1 bilhões aos produtores de sementes
de soja transgênica durante a safra 2005/6. O projeto de lei em discussão deverá autorizar e disciplinar a venda de sementes geneticamente modificadas no país, entre
outras medidas.
"Não é um mercado milionário
e nunca será", diz Pedro Moreira,
chefe da unidade de transferência
de tecnologia da Embrapa, que
tem sete cultivares de soja transgênica registrados.
A estimativa do tamanho do negócio que será criado com a aprovação da lei foi feita com base na
área plantada de soja, neste ano,
de cerca de 20 milhões de hectares
e na estimativa de que apenas 10%
da área total será ocupada, no futuro, por sementes transgênicas
certificadas. Seria necessário 1,4
milhão de toneladas de sementes
para cobrir tal área.
"O uso de sementes clandestinas, que cresceu nos últimos
anos, limitará o nível de utilização
da semente legal", prevê o engenheiro agrônomo. Ele calcula que
o preço dessa semente oscilará
entre R$ 1.000 e R$ 1.500 por tonelada. Além disso, a aceitação do
produto dependerá da relação
custo-benefício que o agricultor
poderá obter.
Os testes feitos pela Embrapa,
durante o desenvolvimento de sementes transgênicas de soja, revelaram que a produtividade está no
mesmo nível das sementes convencionais, segundo Moreira.
Hoje, cerca de sete empresas locais de pesquisa têm autorização
da CTNBio (Comissão Técnica de
Biossegurança) para desenvolver
cultivares (tipos da planta) de soja
geneticamente modificada, adaptadas às condições do país. Elas
fornecerão essa semente básica,
certificada, a cerca de 18 produtores de sementes que colocarão o
produto no mercado.
O processo de desenvolvimento
de sementes transgênicas no país
está na primeira fase. Elas ainda
serão certificadas, e não entraram
em produção. Mesmo que a Lei
de Biossegurança seja aprovada
já, não haveria sementes para
atender à safra que começará a ser
plantada em outubro.
Greenpeace
A coordenadora de engenharia
genética do Greenpeace, Mariana
Paoli, espera que a negociação no
Senado para a aprovação da Lei
de Biossegurança preserve as características do projeto enviado
pela Câmara dos Deputados.
Segundo ela, o trâmite para a liberação de transgênicos deve ser
multidisciplinar. "Se o projeto for
igual ao que chegou ao Senado,
não é bom, mas permite um mínimo de responsabilidade. A avaliação deve ser feita pela CTNBio,
pelos ministérios da área (Saúde,
Agricultura e Meio Ambiente) e
pelo conselho de ministros."
A organização é contra a comercialização imediata da soja transgênica por não haver estudos para
garantir o consumo seguro do
produto. "Corremos o risco de
que essa decisão [sobre a soja]
abra um precedente", disse.
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