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CAPITAL EXTERNO
Valor previsto pelo IIF, instituição que reúne bancos de todo o mundo, é o maior desde 1997, ano da crise asiática
Emergentes terão US$ 230 bi, diz instituto
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês)
anunciou ontem que países emergentes como o Brasil devem receber US$ 230 bilhões neste ano em
fluxos de capital, o maior valor
desde o começo do efeito dominó
de crises iniciado em 1997.
Charles Dallara, diretor-gerente
do IIF, disse, porém, que o cenário de otimismo para os emergentes e para a economia mundial está "repleto de riscos".
Sobre a expectativa de crescimento maior no Brasil e de pressões sobre a inflação, Dallara afirmou que o Banco Central "tem
suas razões para ser cuidadoso".
"O Brasil demonstrou muita paciência para atingir a atual recuperação e vem se mantendo extremamente bem, permitindo que as
condições para o crescimento venham à tona", disse Dallara. "Mas
ainda há muitas incertezas internacionais."
A análise geral do IIF sobre os
países emergentes enfatiza o fato
de os "spreads" para essas nações
terem dado um salto em maio
deste ano, no início do processo
de aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos. Esse movimento sinalizaria "a existência
de fragilidades".
Dallara afirmou que o conjunto
do cenário internacional, com o
preço do petróleo elevado, a possibilidade de novos ataques terroristas e "discrepâncias" entre algumas economias, constitui
"muitos fatores de risco".
"Não lembro de nenhum ciclo
de recuperação econômica que
tenha estado tão entrelaçado a incertezas e riscos", disse Yusuke
Horiguchi, economista-chefe do
IIF. "O espaço para cometer erros
está ficando cada vez menor no
momento em que entramos em
um período de aperto na liquidez
global. A implementação de políticas consistentes será crucial",
acrescentou.
Seriedade do BC
Para o IIF, um eventual aumento da taxa básica de juros no Brasil
hoje na reunião do Copom "não
surpreenderá" e representará
mais uma demonstração de "cuidado" da parte do Banco Central.
Ao mesmo tempo, o IIF, que representa 330 dos maiores bancos
e corretoras do mundo, criticou
países que estão "relaxando" suas
políticas macroeconômicas diante de um quadro de recuperação e
otimismo mundial.
Yusuke Horiguchi, economista-chefe do IIF, afirmou que o debate
dentro do governo brasileiro sobre a eventual necessidade de elevar o juro básico (hoje em 16% ao
ano) "mostra a seriedade com
que o Banco Central está levando
a questão das metas de inflação".
"Não ficaria surpreso se houvesse um pequeno ajuste", afirmou Horiguchi.
Críticas a acordo argentino
A análise feita pelo IIF antecedeu a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do
Banco Mundial, que começa em
duas semanas, em Washington.
Em carta endereçada ao Fundo
e aos representantes dos países
desenvolvidos, o IIF voltou a criticar o tratamento dispensado à Argentina desde setembro do ano
passado, quando o país fechou
com o FMI um acordo considerado "frouxo demais".
Os membros do IIF formam
uma maioria entre os bancos e demais credores de cerca de US$ 100
bilhões em dívidas em moratória
da Argentina.
"O caso da Argentina representa exatamente o contrário do que
é preciso fazer para reconquistar a
confiança", disse Dallara. "Mesmo as condições gerais do acordo
[com o Fundo] estão longe de terem sido cumpridas."
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