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ÁGUIA EM TRANSE
Saldo negativo nas contas correntes equivale a 5,7% do PIB
Déficit norte-americano é recorde
DO "FINANCIAL TIMES"
O déficit em conta corrente dos
Estados Unidos disparou para
US$ 166 bilhões no segundo trimestre deste ano e acentuou o
crescente desequilíbrio que afeta a
economia mundial.
O déficit não tem precedentes
tanto em montante quanto em
proporção da economia, equivalendo agora a 5,7% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA.
Os economistas dizem que a situação acarreta o risco de uma
nova queda no dólar, mas que
não havia sinais até agora de que
os EUA estivessem encontrando
dificuldades para atrair capital estrangeiro e financiar o déficit.
"Trata-se de um acidente esperando para acontecer", disse Nigel Gault, diretor de pesquisa da
Global Insight para os Estados
Unidos. "Mas nada torna obrigatório que o acidente ocorra."
Os Estados Unidos vêm sendo
ajudados a financiar o déficit pelos bancos centrais asiáticos, que
vêm adquirindo dólares a fim de
impedir que a valorização de suas
moedas afete as exportações.
O déficit no comércio de bens e
serviços se ampliou para US$
150,3 bilhões, ante US$ 138,6 bilhões no primeiro trimestre. O déficit geral em conta corrente também foi influenciado por uma alta
nos pagamentos a proprietários
estrangeiros de ativos dos EUA,
que subiram US$ 12,8 bilhões e
atingiram os US$ 82 bilhões.
Vendas
Os números da conta corrente
dos EUA foram divulgados no
mesmo dia em que foram anunciados resultados para as vendas
do varejo. Elas caíram 0,3% em
agosto, deprimidas pelo recuo nas
vendas de automóveis. Mas, excluídos os carros, as vendas norte-americanas cresceram 0,2% em
agosto, ritmo de alta semelhante
ao dos meses anteriores.
Os números vão reforçar a convicção, entre os economistas, de
que os consumidores não estão
mais em posição de puxar o crescimento nos Estados Unidos. Na
ausência de estímulo como o refinanciamento de hipotecas e a restituição de impostos, altas no consumo se tornaram dependentes
de avanço na renda. A não ser que
surja uma alta na renda pessoal, a
maior parte dos economistas antecipa que o consumo subirá de
maneira modesta.
Os números de ontem não tiveram efeito sobre as expectativas
de que o Fed (banco central dos
EUA), na próxima semana, eleve
as taxas de juros básicas.
Tradução de Paulo Migliaci
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