São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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ÁGUIA EM TRANSE

Saldo negativo nas contas correntes equivale a 5,7% do PIB

Déficit norte-americano é recorde

DO "FINANCIAL TIMES"

O déficit em conta corrente dos Estados Unidos disparou para US$ 166 bilhões no segundo trimestre deste ano e acentuou o crescente desequilíbrio que afeta a economia mundial.
O déficit não tem precedentes tanto em montante quanto em proporção da economia, equivalendo agora a 5,7% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA.
Os economistas dizem que a situação acarreta o risco de uma nova queda no dólar, mas que não havia sinais até agora de que os EUA estivessem encontrando dificuldades para atrair capital estrangeiro e financiar o déficit.
"Trata-se de um acidente esperando para acontecer", disse Nigel Gault, diretor de pesquisa da Global Insight para os Estados Unidos. "Mas nada torna obrigatório que o acidente ocorra."
Os Estados Unidos vêm sendo ajudados a financiar o déficit pelos bancos centrais asiáticos, que vêm adquirindo dólares a fim de impedir que a valorização de suas moedas afete as exportações.
O déficit no comércio de bens e serviços se ampliou para US$ 150,3 bilhões, ante US$ 138,6 bilhões no primeiro trimestre. O déficit geral em conta corrente também foi influenciado por uma alta nos pagamentos a proprietários estrangeiros de ativos dos EUA, que subiram US$ 12,8 bilhões e atingiram os US$ 82 bilhões.

Vendas
Os números da conta corrente dos EUA foram divulgados no mesmo dia em que foram anunciados resultados para as vendas do varejo. Elas caíram 0,3% em agosto, deprimidas pelo recuo nas vendas de automóveis. Mas, excluídos os carros, as vendas norte-americanas cresceram 0,2% em agosto, ritmo de alta semelhante ao dos meses anteriores.
Os números vão reforçar a convicção, entre os economistas, de que os consumidores não estão mais em posição de puxar o crescimento nos Estados Unidos. Na ausência de estímulo como o refinanciamento de hipotecas e a restituição de impostos, altas no consumo se tornaram dependentes de avanço na renda. A não ser que surja uma alta na renda pessoal, a maior parte dos economistas antecipa que o consumo subirá de maneira modesta.
Os números de ontem não tiveram efeito sobre as expectativas de que o Fed (banco central dos EUA), na próxima semana, eleve as taxas de juros básicas.


Tradução de Paulo Migliaci


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