São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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COMÉRCIO MUNDIAL

Novo embaixador no Brasil vê criação como "otimista demais"

EUA já não pensam na Alca em 2005

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, afirmou ontem que considera "otimista demais" a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) dentro do prazo previsto, em janeiro de 2005.
Em entrevista após palestra na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, Danilovich disse que, tanto o Brasil como os EUA, "têm inúmeras questões para resolver em sua agenda internacional que estão tomando muito tempo e esforços". Citou ainda o fato de as eleições presidenciais dos EUA ocorrerem em 2 de novembro. "Nós temos que recuperar o nosso fôlego antes de retomarmos as negociações."
Apesar de já dar como certo o adiamento, ele disse que os EUA consideram importante manter esse prazo por enquanto. "Assim, tanto os EUA como o governo brasileiro e o restante da América Latina farão esforços para que as negociações avancem."
O governo brasileiro também já não conta mais com janeiro. Enquanto Danilovich usa a expressão "otimista demais", o embaixador do Brasil em Washington, Roberto Abdenur, prefere o termo "dificilmente alcançável".

Combate à pirataria
Na próxima semana chega ao Brasil o vice-representante comercial dos Estados Unidos, Peter Allgeier. Segundo o embaixador dos EUA, além da Alca, outro assunto em pauta será o combate à pirataria no Brasil, que, segundo seus cálculos, causa prejuízos da ordem de US$ 800 milhões ao ano às empresas americanas.
"A dificuldade com propriedade intelectual é que se trata de um crime, ponto final", disse o embaixador dos EUA. "As reuniões que Allgeier terá no Brasil na próxima semana têm por objetivo também a redução dos crimes contra a propriedade intelectual."
No fim do mês vence o prazo de 90 dias dado pelos Estados Unidos para que o Brasil faça progressos no combate à pirataria, sob ameaça de retirá-lo da lista de países que têm tarifa zero para exportar vários produtos ao mercado americano.
Se for excluído da lista, que engloba 140 países em desenvolvimento e US$ 21 bilhões, haverá um custo médio anual de US$ 100 milhões a mais para importar produtos do Brasil. O país exporta para os Estados Unidos cerca de US$ 2 bilhões ao ano em produtos não-tarifados por meio do GSP (Sistema Geral de Preferências, na sigla em inglês).


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