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China abre queixa contra os EUA na OMC
País asiático acusa o governo Obama de "protecionismo desenfreado" por conta do aumento de tarifa de importação de pneus
Trata-se da primeira briga comercial entre as duas maiores potências mundiais na atual administração norte-americana
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A China apresentou ontem
queixa contra os Estados Unidos na OMC (Organização
Mundial do Comércio) por
conta do aumento da alíquota
para a entrada de pneus chineses nos EUA.
A nova tarifa é de 35%, além
dos atuais 4%, e afeta um negócio de US$ 1,8 bilhão, valor dos
pneus chineses exportados no
ano passado para os EUA.
O Ministério do Comércio
chinês acusou os Estados Unidos de violar regras da OMC e
de promover "protecionismo
desenfreado".
O aumento da tarifa aconteceu após pressão de sindicatos
americanos, que dizem que
7.000 empregos desapareceram após a "invasão" de pneus
baratos da China.
Em 2004, os EUA importaram 14 milhões de pneus, número que saltou para 46 milhões em 2008. Quatro grandes
fábricas americanas fecharam
e três correm o mesmo risco.
Esta é a primeira briga no governo Obama entre as duas
maiores potências mundiais,
quando pressões aumentam
nas bases democratas para uma
atitude mais dura contra o gigante asiático. Só no primeiro
semestre deste ano, o deficit
comercial dos EUA com a China chegou a US$ 103 bilhões.
Em discurso ontem em Wall
Street, o presidente dos EUA,
Barack Obama, comentou o
episódio, sem citar a China diretamente. Afirmou que seu
governo está comprometido
com a expansão do comércio
com outros países.
"Mas nenhum sistema de comércio vai funcionar se nós falharmos na aplicação dos acordos comerciais. Então quando,
como aconteceu neste fim de
semana, nós invocamos condições de acordos existentes, não
estamos fazendo isso para provocar ou promover um protecionismo autodestrutivo. Nós
fazemos isso porque aplicar
acordos comerciais é parte da
manutenção de um sistema de
comércio livre e aberto", disse.
O porta-voz da Casa Branca,
Robert Gibbs, afirmou ainda
que é inegável que houve um
aumento exponencial do número de pneus chineses que
entraram no país nos últimos
dois anos.
Retaliação chinesa
A queixa na OMC não foi a
única resposta chinesa. O governo do país anunciou que começaria investigações antidumping contra a importação
de frangos e carros dos EUA.
Segundo os chineses, os produtos chegam a um preço mais
barato que nos EUA ou são beneficiados por subsídios. As exportações de frango americano
para a China totalizam US$
800 milhões por ano, mesmo
valor que automóveis e autopeças, também sob investigação.
A suspensão pode favorecer o
Brasil, que só começou a exportar frangos para a China em
maio passado, mas ainda tem
participação pequena no mercado chinês.
O protecionismo americano
foi manchete de todos os jornais estatais chineses e se tornou o assunto do dia na internet local.
"A China vai encorajar e
apoiar os fabricantes domésticos a produzir pneus de maior
qualidade e valor agregado", diz
um comunicado colocado ontem no site do Ministério do
Comércio chinês.
Após a decisão americana, as
ações dos fabricantes de pneus
chineses caíram 10%. A alíquota de 35% passará a valer no dia
26 de setembro.
Colaborou JANAINA LAGE, de NOVA YORK
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