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Comprador pode ter de pagar "mais um banco"
DA REPORTAGEM LOCAL
Além das despesas com as demissões, quem arrematar o Banespa deverá despender recursos
com outros passivos trabalhistas e
previdenciários e mais os custos
para atualizar os sistemas de informática do banco, considerados
obsoletos.
Ao todo, o novo controlador
poderá gastar de R$ 850 milhões a
R$ 1,7 bilhão além do preço (lance
inicial de R$ 1,85 bilhão) a ser pago no leilão, de acordo com as
avaliações do vice-presidente de
um dos bancos pré-qualificados
para a privatização e de dois analistas ouvidos pela Folha.
O executivo do banco que disputará o Banespa, que pediu para
não ser identificado, fez as contas
com base nas informações do
"data room" (sala com dados
confidenciais sobre o banco paulista).
Pelos seus cálculos, o Banespa
sofrerá ajustes que podem alcançar cerca de R$ 2,57 bilhões. Como a parte que irá a leilão corresponde a 33% do capital total do
banco, caberia ao novo controlador esse percentual sobre o valor
do ajuste, o que equivaleria a R$
850 milhões.
Ajustes
Para Bruno Zaremba, analista
do Pactual, os ajustes necessários
consumirão algo próximo a R$ 1,5
bilhão. Com as demissões, seriam
gastos cerca de R$ 500 milhões, de
acordo com suas contas.
Passivos trabalhistas e previdenciários pendentes, se confirmados pela Justiça, consumiriam
mais R$ 1 bilhão.
O especialista de setor bancário
de outra instituição financeira
calculou em R$ 1,7 bilhão o que o
novo controlador pode ter de gastar além do valor pago no leilão. O
maior peso para ele, no entanto,
seria com as despesas de demissão. Ele acredita que esses gastos
podem alcançar R$ 1 bilhão, dependendo do corte de funcionários que o novo controlador fizer.
Provisões
Segundo o executivo da instituição que participará do leilão, o
Banespa fez provisões de R$ 4,2
bilhões para cobrir gastos com
aposentadoria complementar dos
funcionários e de aposentados.
No entanto ele avalia que essas
despesas podem ser R$ 1,5 bilhão
superiores às provisões. Se essa
conta se confirmar mais na frente,
o novo controlador teria de gastar
mais R$ 495 milhões (relativos
aos 33% do capital total).
Em seus cálculos, serão necessários investimentos da ordem de
R$ 370 milhões para atualizar os
sistemas de informática do Banespa e interligá-los à rede do
banco que o comprar. Os 33% do
novo controlador equivaleriam a
R$ 122 milhões.
Ele contou também que os passivos trabalhistas podem gerar
despesas adicionais superiores a
R$ 200 milhões além das provisões para essa finalidade. Ou, R$
66 milhões para a instituição que
arrematar o Banespa.
As três contas somadas (despesas com demissão, passivos previdenciários e trabalhistas e atualização de sistemas de informatização) dariam algo em torno de R$ 850 milhões.
(LS)
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