São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2000

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Comprador pode ter de pagar "mais um banco"

DA REPORTAGEM LOCAL

Além das despesas com as demissões, quem arrematar o Banespa deverá despender recursos com outros passivos trabalhistas e previdenciários e mais os custos para atualizar os sistemas de informática do banco, considerados obsoletos.
Ao todo, o novo controlador poderá gastar de R$ 850 milhões a R$ 1,7 bilhão além do preço (lance inicial de R$ 1,85 bilhão) a ser pago no leilão, de acordo com as avaliações do vice-presidente de um dos bancos pré-qualificados para a privatização e de dois analistas ouvidos pela Folha.
O executivo do banco que disputará o Banespa, que pediu para não ser identificado, fez as contas com base nas informações do "data room" (sala com dados confidenciais sobre o banco paulista).
Pelos seus cálculos, o Banespa sofrerá ajustes que podem alcançar cerca de R$ 2,57 bilhões. Como a parte que irá a leilão corresponde a 33% do capital total do banco, caberia ao novo controlador esse percentual sobre o valor do ajuste, o que equivaleria a R$ 850 milhões.

Ajustes
Para Bruno Zaremba, analista do Pactual, os ajustes necessários consumirão algo próximo a R$ 1,5 bilhão. Com as demissões, seriam gastos cerca de R$ 500 milhões, de acordo com suas contas.
Passivos trabalhistas e previdenciários pendentes, se confirmados pela Justiça, consumiriam mais R$ 1 bilhão.
O especialista de setor bancário de outra instituição financeira calculou em R$ 1,7 bilhão o que o novo controlador pode ter de gastar além do valor pago no leilão. O maior peso para ele, no entanto, seria com as despesas de demissão. Ele acredita que esses gastos podem alcançar R$ 1 bilhão, dependendo do corte de funcionários que o novo controlador fizer.

Provisões
Segundo o executivo da instituição que participará do leilão, o Banespa fez provisões de R$ 4,2 bilhões para cobrir gastos com aposentadoria complementar dos funcionários e de aposentados.
No entanto ele avalia que essas despesas podem ser R$ 1,5 bilhão superiores às provisões. Se essa conta se confirmar mais na frente, o novo controlador teria de gastar mais R$ 495 milhões (relativos aos 33% do capital total).
Em seus cálculos, serão necessários investimentos da ordem de R$ 370 milhões para atualizar os sistemas de informática do Banespa e interligá-los à rede do banco que o comprar. Os 33% do novo controlador equivaleriam a R$ 122 milhões.
Ele contou também que os passivos trabalhistas podem gerar despesas adicionais superiores a R$ 200 milhões além das provisões para essa finalidade. Ou, R$ 66 milhões para a instituição que arrematar o Banespa.
As três contas somadas (despesas com demissão, passivos previdenciários e trabalhistas e atualização de sistemas de informatização) dariam algo em torno de R$ 850 milhões. (LS)

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