|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresa virtual pioneira fecha as portas, apesar de seu sucesso
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das pioneiras do pequeno
varejo virtual no Brasil abandonou a Internet depois de uma história de sucesso rápido e consistente. O que fez a empresa terminar foi o mesmo motivo que ajudou a fechar as portas de várias
indústrias no século 18: o desentendimento entre os sócios.
A loja de chocolates Dimonaco
integrava o grupo das 17 primeiras empresas a vender seus produtos no shopping virtual do banco Bradesco, lançado em 1998.
A companhia, que era cliente do
Bradesco, foi convidada pelo banco para fazer parte de seu projeto
de comércio eletrônico. Na época,
os funcionários do banco já compravam os chocolates da loja, que
entregava os produtos na sede da
instituição, na cidade de Osasco.
A fábrica de chocolates surgiu
na cozinha da então jogadora de
vôlei e estudante de biologia Elaine Nascimento dos Santos, que
fazia e vendia o doce para pagar as
mensalidades da faculdade.
Os negócios cresceram rápido, e
Elaine, em 1991, passou a administrar uma fábrica com mais de
700 m2.
A entrada do negócio no mundo virtual, assessorada pelo Bradesco, não foi difícil.
Elaine lembra que, na primeira
semana de operação, a empresa
recebeu mais de 70 pedidos. O número começou a crescer à medida
que os funcionários da instituição
descobriram que podiam comprar chocolate por meio do mesmo terminal de computador com
que trabalhavam.
A fábrica chegou aos 2.000 m2.
As vendas pela Internet, ressalta
Elaine, eram tão ou mais lucrativas que os pedidos tradicionais da
empresa.
"As vendas pela loja virtual se
tornaram importantes para o negócio", afirma Elaine. Ela lembra
que, para atender alguns pedidos,
precisava procurar no guia nomes
de cidades das quais nunca havia
ouvido falar. "Clientes do banco
de todo o Brasil começaram a
comprar os chocolates."
Alguns pedidos nem sentido faziam. "Uma vez recebemos um
pedido de um ovo de chocolate de
30 gramas. Com o valor do frete,
dava para comprar quase meia
dúzia de ovos", diz Elaine.
Mesmo achando estranho, a
empresa mandou o produto.
"Não nos arrependemos, duas semanas depois recebemos um pedido de 5.000 ovos de 30 gramas.
O pedido anterior era um teste."
Segundo Elaine, dificilmente a
empresa teria condições de fazer
seus produtos chegarem às localidades para as quais acabaram indo. "O custo é muito alto. Você
precisa montar uma estrutura física, mandar um representante. A
Internet facilita tudo e reduz muito os custos", avalia.
A Dimonaco deixou o mundo
virtual no início do ano passado.
O ex-sócio e ex-marido de Elaine
não partilhava de seu entusiasmo
pela rede mundial.
"Tínhamos mentalidades diferentes. Não apenas com relação às
vendas pela Internet. Não foi possível manter a sociedade."
Dos tempos de empresária da
"nova economia", ela herdou
clientes por todo o Brasil e uma
rede com 60 revendedores. Montou uma pequena empresa, a
Cioccolato, e pretende inaugurar
uma nova loja virtual, também no
shopping do banco, nos próximos dois meses.
Texto Anterior: Riqueza americana: "Internet não sustenta o ritmo dos EUA" Próximo Texto: Produtividade ainda divide os economistas Índice
|