São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2000

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Empresa virtual pioneira fecha as portas, apesar de seu sucesso

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das pioneiras do pequeno varejo virtual no Brasil abandonou a Internet depois de uma história de sucesso rápido e consistente. O que fez a empresa terminar foi o mesmo motivo que ajudou a fechar as portas de várias indústrias no século 18: o desentendimento entre os sócios.
A loja de chocolates Dimonaco integrava o grupo das 17 primeiras empresas a vender seus produtos no shopping virtual do banco Bradesco, lançado em 1998.
A companhia, que era cliente do Bradesco, foi convidada pelo banco para fazer parte de seu projeto de comércio eletrônico. Na época, os funcionários do banco já compravam os chocolates da loja, que entregava os produtos na sede da instituição, na cidade de Osasco.
A fábrica de chocolates surgiu na cozinha da então jogadora de vôlei e estudante de biologia Elaine Nascimento dos Santos, que fazia e vendia o doce para pagar as mensalidades da faculdade.
Os negócios cresceram rápido, e Elaine, em 1991, passou a administrar uma fábrica com mais de 700 m2.
A entrada do negócio no mundo virtual, assessorada pelo Bradesco, não foi difícil.
Elaine lembra que, na primeira semana de operação, a empresa recebeu mais de 70 pedidos. O número começou a crescer à medida que os funcionários da instituição descobriram que podiam comprar chocolate por meio do mesmo terminal de computador com que trabalhavam.
A fábrica chegou aos 2.000 m2. As vendas pela Internet, ressalta Elaine, eram tão ou mais lucrativas que os pedidos tradicionais da empresa.
"As vendas pela loja virtual se tornaram importantes para o negócio", afirma Elaine. Ela lembra que, para atender alguns pedidos, precisava procurar no guia nomes de cidades das quais nunca havia ouvido falar. "Clientes do banco de todo o Brasil começaram a comprar os chocolates."
Alguns pedidos nem sentido faziam. "Uma vez recebemos um pedido de um ovo de chocolate de 30 gramas. Com o valor do frete, dava para comprar quase meia dúzia de ovos", diz Elaine.
Mesmo achando estranho, a empresa mandou o produto. "Não nos arrependemos, duas semanas depois recebemos um pedido de 5.000 ovos de 30 gramas. O pedido anterior era um teste."
Segundo Elaine, dificilmente a empresa teria condições de fazer seus produtos chegarem às localidades para as quais acabaram indo. "O custo é muito alto. Você precisa montar uma estrutura física, mandar um representante. A Internet facilita tudo e reduz muito os custos", avalia.
A Dimonaco deixou o mundo virtual no início do ano passado. O ex-sócio e ex-marido de Elaine não partilhava de seu entusiasmo pela rede mundial.
"Tínhamos mentalidades diferentes. Não apenas com relação às vendas pela Internet. Não foi possível manter a sociedade."
Dos tempos de empresária da "nova economia", ela herdou clientes por todo o Brasil e uma rede com 60 revendedores. Montou uma pequena empresa, a Cioccolato, e pretende inaugurar uma nova loja virtual, também no shopping do banco, nos próximos dois meses.


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