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Paraná ameaça embargar entrada de carne de SC e RS
Medida seria retaliação às barreiras mantidas pelos Estados contra a sua carne
Secretário de Agricultura do PR, porém, diz que, antes, pretende esgotar as vias técnicas e diplomáticas; veto vigora desde 2005
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
O governo do Paraná cogita
embargar a entrada de carne do
Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina em seu território, caso
os dois Estados não derrubem
as restrições contra a carne paranaense.
Quem fala em usar o "princípio da reciprocidade" é o secretário de Agricultura paranaense, Newton Pohl Ribas. Ele vai
se reunir amanhã com representantes dos governos catarinense e gaúcho para debater o
assunto. O Ministério da Agricultura foi chamado pelo Paraná para mediar a discussão.
A carne paranaense não pode
entrar nos outros dois Estados
do Sul desde outubro de 2005,
quando surgiu a suspeita de
que um foco de febre aftosa em
Mato Grosso do Sul teria atingido também seus rebanhos.
Santa Catarina só autoriza a
entrada de carne de outros Estados se for desossada e para
industrialização. No Rio Grande do Sul, a restrição é total.
Com isso, produtores do Paraná deixam de arrecadar R$ 16
milhões por mês, segundo o
sindicato local do setor. Os dois
vizinhos do Sul adquiriam
10,6% da produção paranaense
de suínos e 6% de bovinos.
Há três meses, uma instrução normativa do Ministério da
Agricultura dizia que o Estado
está livre do problema.
O secretário de Agricultura
do Paraná diz que vai esgotar
"todas as vias administrativas,
técnicas e diplomáticas" para
encerrar as restrições.
Mas fala que pode recomendar ao governador do Estado,
Roberto Requião (PMDB), que
adote o princípio da reciprocidade e proíba a entrada de carnes gaúchas e catarinenses.
"Não entendo as restrições.
O que sinaliza para nós é uma
proteção de mercado", diz.
Ribas reconhece que a medida agravaria a situação. "Mostraria ao mercado internacional que estamos em uma guerra
comercial entre Estados."
Ele também acusa os dois vizinhos de desrespeitarem uma
instrução normativa do governo federal, que autorizou a comercialização da carne.
Recém-empossado, o secretário de Agricultura de Santa
Catarina, Antônio Ceron, tem a
mesma reclamação em relação
ao Rio Grande do Sul, que proíbe a entrada de carne de qualquer outro Estado, e diz estar
aberto a negociações.
O secretário interino de Agricultura do Rio Grande do Sul,
Celso Bernardi, diz compreender os argumentos do governo
do Paraná, mas considera que a
revogação da medida depende
de estudos técnicos e de uma
avaliação do impacto da liberação no mercado gaúcho. Devido
à mudança de comando na secretaria, a restrição segue ao
menos até fevereiro.
Bernardi argumenta que o
Estado não desrespeita a instrução do Ministério da Agricultura, que, segundo ele, dá
margem a interpretações.
Para o secretário de Defesa
Agropecuária da pasta, Gabriel
Maciel, a permanência das restrições "não faz sentido". "Estamos tentando abrir o mercado externo e não podemos ter
barreiras entre Estados."
O Paraná busca recuperar o
status de área livre de febre aftosa com vacinação segundo a
Organização Mundial de Saúde
Animal. A previsão é que consiga o atestado até março.
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