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Cúpula da PF comandará investigações
Governo considera hipótese de que dados furtados da Petrobras possam parar nas mãos de governos estrangeiros
Polícia Federal se queixa de falta de informações prestadas pela estatal brasileira sobre o furto
constatado no último dia 1º
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por considerar uma investigação de nível de Estado, envolvendo interesses do país, o governo Lula decidiu transferir
para a cúpula da Polícia Federal
o comando do inquérito que investiga o furto de computadores da Petrobras, contendo informações sigilosas e estratégicas da empresa.
Segundo um assessor do presidente Lula, o governo classifica o caso de "grave" por ter a informação de que não se trata de
um "roubo simples" e deve ser
mais do que uma "simples espionagem industrial".
Ou seja, o Palácio do Planalto
e a PF trabalham com a linha de
investigação de que o furto não
foi apenas uma operação contratada por uma empresa para
dispor de informações privilegiadas a serem usadas, por
exemplo, numa licitação de reservas de petróleo.
Uma das hipóteses aventadas
dentro do governo é que o furto
dos quatro computadores, de
dois discos rígidos e dois pen
drives da estatal pode ser obra
de uma quadrilha internacional especializada em obter informações sigilosas para vendê-las a governos ou empresas.
Até anteontem, as investigações estavam sob responsabilidade da delegacia da PF em
Macaé porque inicialmente o
caso foi tratado como um roubo
de carga.
Agora, diante do quadro considerado "grave" pelo Planalto,
o governo decidiu que a investigação será comandada diretamente pelo diretor-geral da PF,
Luiz Fernando Corrêa, que designará a equipe responsável.
Nas palavras de um assessor
de Lula, não se trata de um afastamento do caso da delegada
Carla de Melo Dolinski, que vinha dirigindo as ações em Macaé, mas da avaliação de que
não é uma situação "ordinária",
e sim para uma investigação do
primeiro escalão da PF.
Além da PF, a Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) também foi acionada pelo Planalto
e auxiliará nos trabalhos de
apuração. O governo foi informado do caso no dia em que
ocorreu, 1º de fevereiro, quando quatro laptops (computadores portáteis) e dois discos rígidos com informações sigilosas
e estratégicas da Petrobras foram furtados de um contêiner
sob responsabilidade da empresa americana Halliburton.
No material, havia dados sobre as recentes descobertas da
estatal de reservas de óleo e gás.
Entre elas, está o campo de Tupi, na bacia de Santos, o maior
já descoberto no país. Suas reservas, que ainda dependem de
confirmação final, são estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões
de barris. Ao todo, o Brasil tem
hoje 14 bilhões de barris.
A Halliburton, responsável
pelo transporte dos laptops e
dos discos rígidos, é uma das
mais antigas prestadoras de
serviço da Petrobras. Nos EUA,
teve como presidente Dick
Cheney, atual vice-presidente
do país e foi muito atuante no
Iraque do pós-guerra.
O furto foi descoberto depois
que funcionários notaram que
o lacre do contêiner, que transportava os equipamentos de
Santos para Macaé, tinha marcas de violação. Acionada, a Petrobras fez vistoria e constatou
o furto dos equipamentos.
Segundo a Folha apurou, a
PF tem se queixado de falta de
colaboração por parte da Petrobras com as investigações, o
que deve ser contornado com a
transferência da responsabilidade pelo comando do inquérito para a cúpula em Brasília.
O governo já havia decidido,
para evitar eventuais prejuízos,
manter suspensas as licitações
das áreas do megacampo até o
esclarecimento do caso.
Colaborou ANDREA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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