São Paulo, terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crescimento do PIB do Japão esconde fragilidades

Aumenta dependência das exportações para a China

DO "FINANCIAL TIMES"

Para Yoshio Hatano, presidente da fabricante de equipamentos eletrônicos Chuo Electric Works, a pior recessão japonesa desde o fim da Segunda Guerra chegou ao fim.
"O ano passado foi muito difícil, tivemos prejuízo pela primeira vez em 16 anos. Mas, neste ano, estamos nos recuperando", disse Hatano. "Na verdade, os nossos números serão melhores que os de 2008."
O executivo não está sozinho. A economia japonesa não se contraiu nos últimos três trimestres de 2009 e os dados de outubro a dezembro (divulgados anteontem) aumentaram as esperanças de que a retomada vai continuar.
Porém, os mesmos dados também mostram indícios dos limites da recuperação e da sua vulnerabilidade. As exportações representaram 0,5 ponto percentual do avanço de 1,1% no PIB do quarto trimestre, mostrando a dependência da demanda externa (principalmente da China, rival histórico e que caminha neste ano para passar o país e se tornar a segunda maior economia global), enquanto a atividade econômica, de modo geral, está em nível inferior ao de antes da crise.
Essa dependência de demanda cria vulnerabilidades, especialmente pelo peso que tem a China, o principal destino das exportações japonesas. As vendas para a China cresceram 43% em dezembro ante igual período de 2008, mas, com Pequim buscando conter o crédito, qualquer freada mais brusca vai afetar fortemente o Japão.
Isso explica em parte por que os investidores foram econômicos na comemoração do resultado do PIB trimestral, com a Bolsa de Valores de Tóquio tendo queda de 0,78% ontem.
"A demanda doméstica do Japão pode finalmente ter revivido, mas ela continua fundamentalmente fraca", afirmou Ryutaro Kono, economista-chefe do BNP Paribas. "Como os gastos com bens duráveis são resultado do estímulo [governamental], os gastos das famílias provavelmente vão esmorecer quando os efeitos do estímulo perderem força."


Texto Anterior: Análise: Como salvar os Piigs
Próximo Texto: Porto infla cidade e é contestado na Justiça
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.