São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Investidores veem maior queda da Bolsa

Pessimismo entre os norte-americanos que compram ações cresceu para o maior patamar desde julho do ano passado

Confiança dos brasileiros recuou 9,9%, para 42,1 pontos, mas, mesmo assim, é o segundo maior índice da pesquisa da Bloomberg


DA BLOOMBERG

Os investidores de Nova York a Londres ficaram mais convencidos de que as ações nas Bolsas de Valores vão ampliar a queda que já dura 17 meses. O pessimismo entre os aplicadores americanos cresceu para o seu mais elevado patamar desde julho do ano passado, quando o índice Standard & Poor's 500 ingressou em uma fase de queda.
Os participantes da Pesquisa Bloomberg Professional de Grau de Confiança Mundial previram prejuízos para o S&P 500, o Ibovespa brasileiro, a Bolsa mexicana, o FTSE 100 britânico, o alemão DAX, o Índice do Mercado Suíço e o espanhol IBEX 35 nos próximos seis meses. Os usuários do sistema Bloomberg de Itália, França e Japão ficaram menos pessimistas, embora ainda prevejam quedas. As 2.457 respostas, captadas de 2 a 6 de março, se seguiram ao pior início de ano já vivido pelo S&P 500 em sua história de 81 anos.
O S&P, índice referencial das ações norte-americanas, caiu 54% desde seu recorde de outubro de 2007. "O que vemos no momento parece um terremoto, e a montanha de destroços pode ser imensa", disse Emmanuel Soupre, administrador de fundos da Neuflize OBC de Paris e participante da pesquisa. "Posso comprar ações, mas apenas de uma maneira muito seletiva, porque tenho horizonte de longo prazo."
Os índices referenciais de todos os 10 países participantes da pesquisa, com exceção do Brasil, despencaram mais de 16% desde o final de 2008, quando as perdas sofridas pelos bancos com o mercado mundial de crédito subiram para quase US$ 1,2 trilhão, e os resultados de companhias que vão desde a Anglo American PLC, sediada em Londres e dona da maior produtora mundial de platina, até a Nissan Motor, a terceira maior montadora do Japão, ficaram aquém das estimativas dos analistas. O Ibovespa -que reúne as 66 ações mais negociadas da Bolsa brasileira- neutralizou sua queda de 2009 na última terça.

Queda maior nos EUA
O grau de confiança dos participantes do México caiu 0,9%, para 33,7 pontos, enquanto o dado relativo aos profissionais brasileiros recuou 9,9%, para 42,1 pontos, figurando, mesmo assim, como o segundo maior depois do da Itália.
O índice Bloomberg de grau de confiança nas ações norte-americanas registrou a maior queda dentre o grupo de 10 países, ao recuar 14%, para 29,5 pontos. Uma pontuação inferior a 50 indica que os investidores preveem que as ações sofrerão depreciação nos próximos seis meses, enquanto cômputos superiores a 50 pontos indicam que eles projetam alta.
O S&P pode ainda estar caro, mesmo depois de sua queda vertical, para seu patamar mais baixo dos últimos 12 anos, observada esta semana. O índice é avaliado em 13,9 vezes os lucros, segundo dados reunidos pelo professor Robert Shiller, da Universidade de Yale, que medem o valor das ações em relação aos lucros de uma década. No auge das três recessões registradas pelos EUA desde 1929, que duraram tanto quanto a atual, a média da relação preço-lucro caiu para 8,74.
Os profissionais consultados também ficaram mais convencidos de que o Índice do Mercado Suíço e o DAX alemão vão cair. A confiança nos ativos suíços caiu 4%, para 36,1 pontos, enquanto o indicador da Alemanha recuou 2,6%, para 33,1 pontos. Os investidores italianos, franceses e japoneses ficaram menos pessimistas. Na Itália, a confiança subiu 5,3%, para 44,9 pontos.


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