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China acirra concorrência entre montadoras
GM desloca executivo do Brasil para levar experiência em processo de produção em joint-venture chinesa
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como o único dos grandes
mercados de veículos em crescimento, a China deve virar
palco de uma concorrência
mais acirrada entre as montadoras neste ano.
Em janeiro, o país tornou-se
o maior mercado mundial, com
735.500 unidades vendidas,
desbancando pela primeira vez
os Estados Unidos (656.693). A
liderança foi puxada por uma
razão pontual, a queda na venda de veículos para frotistas nos
EUA. Mas, ainda que não se
consolide como líder em vendas, a China deve ultrapassar os
EUA e se tornar o segundo
maior produtor mundial de
carros até o final do ano, atrás
do Japão, segundo a consultoria PricewaterhouseCoopers.
A ordem agora é ganhar produtividade e desenvolver produtos globalmente competitivos para não perder terreno para a concorrência. "Temos que
estar preparados, porque a China é hoje a região mais desafiadora para a indústria automotiva", disse à Folha o executivo
Gerson Pagnotta, que foi deslocado da General Motors do
Brasil, há cerca de um mês, para assumir o posto de diretor
de engenharia de manufatura
da SGM, joint-venture entre a
GM e a Saic (Shanghai Automotive Industry Corporation).
Em meio à crise global, a
China precisa crescer com qualidade, diz Pagnotta. Seu papel
na SGM será levar a experiência do Brasil, considerado modelo na área de manufatura,
para melhorar o processo produtivo da indústria chinesa.
"A China vivia um momento
em que só se vislumbrava aumento de mercado. Aí, bastava
aumentar a capacidade. Era difícil errar, mas agora o momento é diferente. Temos que crescer, mas com eficiência", afirma o executivo.
A SGM tem na China capacidade de produção de 1 milhão
de veículos por ano. A meta era
chegar a esse volume entre
2008 e 2009, mas a crise internacional atrapalhou os planos.
Por enquanto, a montadora
produz 600 mil veículos.
A montadora tem três complexos industriais na China, em
Xangai, Yantai e Shenyang, onde se produzem modelos de
carros populares e de luxo.
O objetivo para daqui a três
anos, quando se encerra o período de Pagnotta, é que os três
complexos tenham produtos
globais, com mais qualidade e
tecnologia.
Indústria chinesa
Em 2008, a China produziu
7,4 milhões de automóveis e comerciais leves. Para este ano, a
previsão é de crescimento de
1,5%, o que a coloca na posição
de único grande mercado com
aumento de produção.
Entre 2007 e 2012, o país responderá por 49,6% do crescimento mundial de veículos, seguido pela Índia (19,5%) e Rússia (13,7%). O Brasil será responsável por 8,2% desse crescimento, de acordo com a Pricewaterhouse.
Até lá, serão produzidos no
mundo 77 milhões de carros,
contra 68,9 milhões no ano
passado. "Os países que têm potencial de crescimento serão
disputados em uma briga de
foice", afirma Rogelio Golfarb,
diretor da Ford e ex-presidente
da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores). "Todas as empresas que estão na China têm
uma visão de participar mais
intensamente disso", disse.
De acordo com ele, a percepção sobre a China mudou muito rápido, já que em 2005 debatia-se se o país seria de fato um
grande competidor. E se a China ainda não tem produtos globalmente competitivos, caminha para isso a passos largos.
Na avaliação do sócio-diretor
da Price, Marcelo Cioffi, pode-se traçar um paralelo entre a
China e a Coreia do Sul.
"A Coreia não tinha um competidor mundial até meados
dos anos 90, mas ganhou expressividade com a Hyundai,
que hoje é a sexta maior montadora do mundo. A China vai
atrair muitos investimentos
ainda, todos estão de olho."
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