São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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SALTO NO ESCURO

Documento sobre política tarifária será entregue ao governo

Indústria prepara estudo sobre energia

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acossada por aumentos sucessivos no custo da energia, a indústria vai entregar ao governo documento demonstrando os efeitos negativos da política tarifária adotada para o setor: perda de competitividade no mercado internacional, repasse para preços e desestímulo a novos investimentos.
Os estudos estão sendo preparados pela Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia) e pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), separadamente.
Empresários já procuraram a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) para tratar do tema. A ministra encaminhou o assunto para estudos na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Em 2003, as altas da tarifa de energia para a indústria nas principais distribuidoras chegaram a 36,7%. Neste ano, os aumentos foram de até 28%. Os reajustes para o setor industrial são parte de uma política de realinhamento tarifário, definida no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. A idéia é aumentar menos a tarifa para o consumidor residencial e mais para o industrial.
Em abril do ano passado, preocupado com os efeitos inflacionários da política, o Ministério de Minas e Energia tornou o processo de realinhamento tarifário mais ameno e mais dilatado no tempo. Em vez de terminar em 2006, só acabaria em 2007.
A Abrace encomendou um estudo para tentar reverter a política. Segundo Paulo Ludmer, diretor da associação, a estratégia é ruim para o consumidor e para o país. "Ou vai para o preço ou para a renúncia de investimentos", diz a respeito da pressão da alta da energia nos custos das empresas.
Para a CNI, o efeito da alta das tarifas para a indústria será o repasse para os preços, assim que a situação econômica permitir.
Para a Abrafe (Associação Brasileira dos Produtores de Ferro-Liga e Silício Metálico), a perda de competitividade poderá afetar os resultados da balança comercial.
Procurado para comentar o assunto, o Ministério de Minas e Energia disse, por meio de assessoria, que o tema deveria ser tratado com a Aneel.
A Aneel, por sua vez, disse, também por meio da sua assessoria, que apenas cumpre as políticas definidas pelo governo federal para o realinhamento tarifário.
O realinhamento é definido em decreto presidencial assinado pelo presidente Lula e pela ministra Dilma Rousseff.


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