São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Após nove semanas de alta, Bovespa recua 4,6%

Otimismo dos mercados se reduz; dólar vai a R$ 2,11

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os indicadores sobre a economia dos EUA que saíram ontem chegaram a alimentar uma fagulha de otimismo nos mercados financeiros mundiais, pela manhã. Mas a notícia de que a recessão definitivamente chegou à Europa fez solidificar a conclusão a que os investidores haviam chegado no início da semana, de que é cedo demais para pensar em uma retomada mundial.
A produção industrial americana recuou 0,5% em abril, e o índice de preços ao consumidor apontou deflação de 0,6% no mês passado, dentro das expectativas. A confiança do consumidor melhorou neste mês, segundo levantamento feito pela Universidade de Michigan.
"O fato de nenhum desses dados surpreender é bom, pois, dessa maneira, as empresas estão conseguindo se planejar", afirma Gustav Penna Gorski, economista-chefe do banco Geração Futuro.
Tampouco a queda de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro no primeiro trimestre do ano foi inesperada -só confirmou o temor de que a desaceleração está espalhada e deve se estender por mais tempo do que as projeções otimistas dão conta.
Por isso, os preços do petróleo caíram 3,89% em Nova York, para US$ 56,34 o barril. Se a atividade global permanecerá em nível desanimador por um tempo indefinido, menos combustível será consumido. As ações de petrolíferas sofreram grandes desvalorizações no mercado americano ontem, levando a Bolsa de Nova York a cair 0,75%.
No Brasil, os papéis preferenciais da Petrobras tiveram baixa de 1,86%, a R$ 31,15, e a Bolsa de Valores de São Paulo recuou 0,89%, para 49.007 pontos. Após nove semanas consecutivas de elevação, a Bolsa terminou o dia com queda acumulada de 4,64% nos últimos cinco dias úteis. No ano, entretanto, ainda contabiliza ganhos de 30,51%, um retorno que a coloca como uma das mais atraentes do planeta neste momento.
"Esse desempenho é alimentado pela expectativa de que o Brasil atravesse a crise melhor do que os outros países, o que de fato está acontecendo, e de que igualmente será um dos primeiros a se recuperar", explica Gorski.
Daí o forte fluxo de entrada de recursos no país nas últimas semanas -os investidores estrangeiros procuram retornos melhores para o seu dinheiro-, derrubando a cotação do dólar. A moeda americana, que terminou a sexta em alta de 1,34%, vendida a R$ 2,11, acumulou valorização de 2% na semana e tem queda de 9,6% em 2009.
"Acho que houve um certo exagero no começo do ano, quando a divisa beirou os R$ 2,40. Agora, talvez tenha encontrado um patamar de estabilidade", afirma Gorski.
Os analistas do mercado estimam que o dólar oscilará entre R$ 2,05 e R$ 2,15 no curto prazo, mas estão divididos sobre a possibilidade de uma queda para baixo de R$ 2.
A dúvida não leva em consideração a atuação, no mercado de câmbio, do Banco Central, o qual comprou divisas no mercado à vista ontem novamente. Esses leilões não têm mexido quase nada com as cotações. A questão é que, embora as incertezas tenham diminuído um pouco, ainda há o medo de surpresas ruins pelo caminho, e por esse motivo os investidores mantêm boa parte da cautela. Esse temor ajudou a derrubar as ações dos bancos nos EUA.
Os especialistas não veem uma tendência clara para os mercados nos próximos dias. O mais provável, dizem, é que esse sentimento de desânimo continue predominando.


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