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Após nove semanas de alta, Bovespa recua 4,6%
Otimismo dos mercados se
reduz; dólar vai a R$ 2,11
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Os indicadores sobre a economia dos EUA que saíram ontem chegaram a alimentar uma
fagulha de otimismo nos mercados financeiros mundiais,
pela manhã. Mas a notícia de
que a recessão definitivamente
chegou à Europa fez solidificar
a conclusão a que os investidores haviam chegado no início
da semana, de que é cedo demais para pensar em uma retomada mundial.
A produção industrial americana recuou 0,5% em abril, e o
índice de preços ao consumidor
apontou deflação de 0,6% no
mês passado, dentro das expectativas. A confiança do consumidor melhorou neste mês, segundo levantamento feito pela
Universidade de Michigan.
"O fato de nenhum desses
dados surpreender é bom, pois,
dessa maneira, as empresas estão conseguindo se planejar",
afirma Gustav Penna Gorski,
economista-chefe do banco
Geração Futuro.
Tampouco a queda de 2,5%
do PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro no primeiro
trimestre do ano foi inesperada
-só confirmou o temor de que
a desaceleração está espalhada
e deve se estender por mais
tempo do que as projeções otimistas dão conta.
Por isso, os preços do petróleo caíram 3,89% em Nova
York, para US$ 56,34 o barril.
Se a atividade global permanecerá em nível desanimador por
um tempo indefinido, menos
combustível será consumido.
As ações de petrolíferas sofreram grandes desvalorizações
no mercado americano ontem,
levando a Bolsa de Nova York a
cair 0,75%.
No Brasil, os papéis preferenciais da Petrobras tiveram
baixa de 1,86%, a R$ 31,15, e a
Bolsa de Valores de São Paulo
recuou 0,89%, para 49.007
pontos. Após nove semanas
consecutivas de elevação, a
Bolsa terminou o dia com queda acumulada de 4,64% nos últimos cinco dias úteis. No ano,
entretanto, ainda contabiliza
ganhos de 30,51%, um retorno
que a coloca como uma das
mais atraentes do planeta neste
momento.
"Esse desempenho é alimentado pela expectativa de que o
Brasil atravesse a crise melhor
do que os outros países, o que
de fato está acontecendo, e de
que igualmente será um dos
primeiros a se recuperar", explica Gorski.
Daí o forte fluxo de entrada
de recursos no país nas últimas
semanas -os investidores estrangeiros procuram retornos
melhores para o seu dinheiro-,
derrubando a cotação do dólar.
A moeda americana, que terminou a sexta em alta de 1,34%,
vendida a R$ 2,11, acumulou valorização de 2% na semana e
tem queda de 9,6% em 2009.
"Acho que houve um certo
exagero no começo do ano,
quando a divisa beirou os R$
2,40. Agora, talvez tenha encontrado um patamar de estabilidade", afirma Gorski.
Os analistas do mercado estimam que o dólar oscilará entre
R$ 2,05 e R$ 2,15 no curto prazo, mas estão divididos sobre a
possibilidade de uma queda para baixo de R$ 2.
A dúvida não leva em consideração a atuação, no mercado
de câmbio, do Banco Central, o
qual comprou divisas no mercado à vista ontem novamente.
Esses leilões não têm mexido
quase nada com as cotações. A
questão é que, embora as incertezas tenham diminuído um
pouco, ainda há o medo de surpresas ruins pelo caminho, e
por esse motivo os investidores
mantêm boa parte da cautela.
Esse temor ajudou a derrubar
as ações dos bancos nos EUA.
Os especialistas não veem
uma tendência clara para os
mercados nos próximos dias. O
mais provável, dizem, é que esse sentimento de desânimo
continue predominando.
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