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Empresários criticam falta de
ação do governo para retomada
da Reportagem Local
O diagnóstico que os empresários fazem sobre a falta de recuperação das exportações brasileiras
é, em geral, diferente da avaliação
do governo. Para alguns industriais, falta ação do governo para
reativar as vendas externas.
"Não existe vontade política do
governo, com efeitos concretos para tornar a exportação prioritária",
diz Bóris Tabacof, presidente da
Associação Brasileira de Produtores de Papel e Celulose.
Para Tabacof, um sinal da falta
de prioridade para as exportações
foi a suspensão, entre abril e dezembro deste ano, do abatimento
do PIS e da Cofins que os exportadores tinham direito e representavam cerca de 5% de redução nos
custos de produção.
"Houve um conjunto de desacertos do governo, inclusive em manter o câmbio sobrevalorizado, a estrutura de impostos e a falta de crédito para as exportações", diz Luiz
Carlos Delben Leite, presidente da
Associação dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos.
Para o empresário Roberto Gianetti da Fonseca, da Fundação
Centro de Estudos do Comércio
Exterior, um dos principais problemas é a falta de crédito para financiar a produção voltada para a
exportação. Sem crédito, muitas
empresas perdem o fôlego para aumentar a produção e vender no exterior.
"Vários setores têm capacidade
ociosa que pode ser aproveitada
para as exportações, mas falta crédito para as empresas. Não podemos nos acomodar com a mudança cambial e achar que está tudo
resolvido", diz Gianetti.
A maioria dos empresários também acha que é cedo para avaliar o
impacto da desvalorização sobre
as exportações. "Ainda não deu
tempo de as exportações refletirem a desvalorização porque é preciso negociar contratos, mudar a
linha de produção, embarcar as
mercadorias, e tudo isso leva tempo", diz Joseph Tutudijan, vice-presidente da Cotia Trading.
Além disso, diz Tutudijan, o ambiente externo não está favorável.
Os países asiáticos que sofreram
crises cambiais estão sendo agressivos no comércio externo e a demanda mundial está crescendo
menos do que nos últimos anos.
A expectativa de que as exportações cresceriam muito rapidamente também se baseava no fato de
que seria muito difícil vender os
produtos no mercado interno devido à recessão. Mas a economia
brasileira está se recuperando
mais rápido do que se imaginava.
"A má notícia é que se a economia se recuperar rápido, as importações vão crescer e as exportações
crescerão menos porque a prioridade será o mercado interno", diz
Roberto Teixeira da Costa, presidente do Conselho de Empresários
da América Latina.
Entre os fabricantes de produtos
químicos, que produziram déficit
comercial superior a US$ 6 bilhões
no ano passado, a desvalorização
pode até gerar resultado oposto ao
esperado num primeiro momento.
"Muitas empresas estão substituindo os importados por produtos nacionais. As empresas exportadoras ficarão, neste momento,
com menos excedentes para vender no exterior e é possível que as
exportações até caiam", diz Guilherme Duque Estrada de Moraes,
da Associação Brasileira dos Fabricantes de Produtos Químicos.
(RICARDO GRINBAUM)
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