São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Discurso de Bernanke reanima mercado

Fala do presidente do Fed, apontado como um dos fatores de tensão desde maio, desta vez é bem recebida; risco Brasil cai 4,5%

Índice Dow Jones tem maior alta desde abril de 2005 e Nasdaq sobe 2,79%; Bolsa de SP, que não funcionou ontem, deve ter dia positivo


DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Fed (o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, mudou o tom de seu discurso e deu uma injeção de ânimo no mercado financeiro. Em diferentes pontos do mundo, as Bolsas de Valores subiram com força.
Nas últimas semanas, têm sido exatamente os discursos de Bernanke que têm levado investidores a mudar aplicações, derrubando os mercados acionários globais e os títulos da dívida de emergentes. Ontem, sua fala foi vista como mais moderada e menos alarmista.
Nos EUA, as Bolsas aceleraram as altas no fim do dia: a Nasdaq teve forte ganho, de 2,79%. O índice Dow Jones, o principal do mercado de Nova York, subiu 1,83% ontem, na maior alta desde abril de 2005.
Na Europa, fortes altas foram registradas nas Bolsas de Paris (2,36%), Frankfurt (2,19%) e Londres (2,04%). A Rússia registrou ganho de 5,48%.
Até os emergentes, que têm sofrido consideravelmente com as turbulências atuais (leia texto ao lado), subiram. Na Colômbia, a Bolsa disparou 15,82%, em seu melhor dia em cerca de cinco anos. No México, a alta foi de 6,73%; na Argentina, de 4,46%.
Em Nova York, o índice que acompanha os principais ADRs (American Depository Receipts, recibos de ações) brasileiros fechou com expressiva valorização de 7%. Como o mercado brasileiro ficou fechado ontem devido ao feriado de Corpus Christi, a expectativa é a de que a Bolsa de Valores registre valorização hoje.
O risco-país brasileiro, que é medido de acordo com a oscilação dos títulos da dívida no mercado internacional, refletiu o dia positivo. O risco terminou as operações aos 253 pontos, em baixa de 4,53%.
Antes de Bernanke se pronunciar, na tarde de ontem, o mercado trabalhava com os dados da economia americana que haviam sido divulgados.
A produção industrial dos Estados Unidos, que caiu 0,1% no mês passado, ficou abaixo do que esperavam os analistas, dando um sinal de que a economia não está tão aquecida -notícia positiva no que se refere ao combate à inflação.
Os pedidos de seguro-desemprego na semana passada, divulgados ontem, também ficaram aquém do que era projetado, atingindo o menor nível em quase quatro meses.
Bernanke fez discurso ontem no Clube de Economia de Chicago. Ele afirmou que a inflação no país deve ser monitorada, mas que o repasse dos custos de energia a outros preços tem sido relativamente baixo.

Credibilidade
Segundo avaliação feita ontem pelo presidente do Fed, o contágio limitado dos preços de energia reflete "a credibilidade na luta contra a inflação construída pelo Fed nas últimas décadas". Porém Bernanke afirmou que uma aceleração da inflação fora dos itens de alimentação e energia e um pouco de repique em indicadores de expectativas de inflação têm chamado a sua atenção.
"Com a indicação de que a inflação não está desenfreada, o Fed não tem que ser muito agressivo ao elevar os juros", afirmou Gregory Fuss, diretor-gerente do Deutsche Bank Private Wealth Management, à agência de notícias Reuters.
O mercado tem vivido sob forte turbulência desde o dia 10 de maio, quando o BC norte-americano realizou sua última reunião de política monetária.
Desde lá, em diferentes vezes as declarações de Bernanke foram mal recebidas no mercado financeiro. Analistas chegaram a dizer que o presidente do Fed não vinha conseguindo acertar o tom em seus discursos, fomentando a volatilidade do mercado. Ao menos até a próxima reunião do Fed, no fim deste mês, o mercado tende a ficar volátil, alternando dias de alta e de baixa, de acordo com a interpretação que os investidores fizerem dos dados econômicas americanos ou dos discursos de Bernanke.


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