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Discurso de Bernanke reanima mercado
Fala do presidente do Fed, apontado como um dos fatores de tensão desde maio, desta vez é bem recebida; risco Brasil cai 4,5%
Índice Dow Jones tem maior alta desde abril de 2005 e Nasdaq sobe 2,79%; Bolsa de SP, que não funcionou ontem, deve ter dia positivo
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Fed (o banco
central dos Estados Unidos),
Ben Bernanke, mudou o tom de
seu discurso e deu uma injeção
de ânimo no mercado financeiro. Em diferentes pontos do
mundo, as Bolsas de Valores
subiram com força.
Nas últimas semanas, têm sido exatamente os discursos de
Bernanke que têm levado investidores a mudar aplicações,
derrubando os mercados acionários globais e os títulos da dívida de emergentes. Ontem,
sua fala foi vista como mais moderada e menos alarmista.
Nos EUA, as Bolsas aceleraram as altas no fim do dia: a
Nasdaq teve forte ganho, de
2,79%. O índice Dow Jones, o
principal do mercado de Nova
York, subiu 1,83% ontem, na
maior alta desde abril de 2005.
Na Europa, fortes altas foram
registradas nas Bolsas de Paris
(2,36%), Frankfurt (2,19%) e
Londres (2,04%). A Rússia registrou ganho de 5,48%.
Até os emergentes, que têm
sofrido consideravelmente
com as turbulências atuais (leia
texto ao lado), subiram. Na Colômbia, a Bolsa disparou
15,82%, em seu melhor dia em
cerca de cinco anos. No México,
a alta foi de 6,73%; na Argentina, de 4,46%.
Em Nova York, o índice que
acompanha os principais ADRs
(American Depository Receipts, recibos de ações) brasileiros fechou com expressiva
valorização de 7%. Como o
mercado brasileiro ficou fechado ontem devido ao feriado de
Corpus Christi, a expectativa é
a de que a Bolsa de Valores registre valorização hoje.
O risco-país brasileiro, que é
medido de acordo com a oscilação dos títulos da dívida no
mercado internacional, refletiu
o dia positivo. O risco terminou
as operações aos 253 pontos,
em baixa de 4,53%.
Antes de Bernanke se pronunciar, na tarde de ontem, o
mercado trabalhava com os dados da economia americana
que haviam sido divulgados.
A produção industrial dos
Estados Unidos, que caiu 0,1%
no mês passado, ficou abaixo
do que esperavam os analistas,
dando um sinal de que a economia não está tão aquecida -notícia positiva no que se refere
ao combate à inflação.
Os pedidos de seguro-desemprego na semana passada, divulgados ontem, também ficaram aquém do que era projetado, atingindo o menor nível em
quase quatro meses.
Bernanke fez discurso ontem
no Clube de Economia de Chicago. Ele afirmou que a inflação
no país deve ser monitorada,
mas que o repasse dos custos de
energia a outros preços tem sido relativamente baixo.
Credibilidade
Segundo avaliação feita ontem pelo presidente do Fed, o
contágio limitado dos preços de
energia reflete "a credibilidade
na luta contra a inflação construída pelo Fed nas últimas décadas". Porém Bernanke afirmou que uma aceleração da inflação fora dos itens de alimentação e energia e um pouco de
repique em indicadores de expectativas de inflação têm chamado a sua atenção.
"Com a indicação de que a inflação não está desenfreada, o
Fed não tem que ser muito
agressivo ao elevar os juros",
afirmou Gregory Fuss, diretor-gerente do Deutsche Bank Private Wealth Management, à
agência de notícias Reuters.
O mercado tem vivido sob
forte turbulência desde o dia 10
de maio, quando o BC norte-americano realizou sua última
reunião de política monetária.
Desde lá, em diferentes vezes
as declarações de Bernanke foram mal recebidas no mercado
financeiro. Analistas chegaram
a dizer que o presidente do Fed
não vinha conseguindo acertar
o tom em seus discursos, fomentando a volatilidade do
mercado. Ao menos até a próxima reunião do Fed, no fim deste mês, o mercado tende a ficar
volátil, alternando dias de alta e
de baixa, de acordo com a interpretação que os investidores fizerem dos dados econômicas
americanos ou dos discursos de
Bernanke.
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