São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Valor das empresas na Bolsa alcança o PIB

Mercado brasileiro se iguala, proporcionalmente, ao dos países desenvolvidos, nos quais os dois indicadores se nivelam

Cotação das companhias listadas na Bolsa atinge R$ 2,5 tri em 2007; sete anos antes, valor correspondia a apenas 37% do PIB do país

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento e a consolidação do mercado de capitais brasileiro nos últimos anos fizeram o valor das empresas listadas na Bovespa se equiparar pela primeira vez ao tamanho do PIB brasileiro -algo impensável no começo da década. As cerca de 450 companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo representam um valor de aproximadamente R$ 2,5 trilhões. O PIB (Produto Interno Bruto) do país fechou 2007 em R$ 2,55 trilhões.
Em maio, quando a Bovespa atingiu seu recorde histórico de pontuação, o valor das empresas superou os R$ 2,6 trilhões.
O que se via até 2005 era uma diferença muito grande no tamanho da Bolsa em comparação à economia brasileira. Em 1996, o valor de mercado das empresas cotadas na Bolsa representava aproximadamente 27% do PIB. Em 2000, essa proporção havia subido, mas se mantinha em níveis baixos, em torno de 37%.
A expansão mais acelerada no valor da Bolsa começou a ser sentida depois de 2005, período em que o mercado acionário iniciou sua retomada, com o número de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) crescendo a cada ano. Agora, o mercado brasileiro começa a poder ser comparado, em termos proporcionais de tamanho, ao dos países desenvolvidos, em que a correlação entre a Bolsa de Valores e o PIB costuma rondar os 100%.
"O mercado de capitais embalou nos últimos tempos. Entramos em um outro patamar no que se refere à captação de recursos via mercado de capitais. E a Bolsa está em um novo nível, o que é relevante para atrair capital externo e manter seu ritmo", afirma Carlos Daniel Coradi, diretor-presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
Como os números de capitalização na Bolsa oscilam todos os dias, com o sobe-e-desce das ações, sua correlação com o PIB pode variar bastante em determinado período. Mesmo assim, a comparação entre os dois indicadores costuma ser acompanhada pelos analistas, pois serve de parâmetro para medir o desenvolvimento do mercado e a força das empresas de capital aberto.
No dia 20 de maio, a Bovespa registrou a maior pontuação de sua história: 73.516 pontos. A pontuação acompanha o valor das ações. Assim, um nível recorde de pontos mostra que nunca as ações valeram tanto.
Esse pico alcançado pela Bolsa é relevante para a economia, pois um mercado de capitais evoluído representa uma importante fonte de diversificação de captação de recursos pelo setor privado.
As empresas lançam ações para levantar recursos, que posteriormente são utilizados para a realização de novos investimentos ou quitação de dívidas. Dessa forma, um país que tem um mercado de capitais fraco deixa de aproveitar uma relevante fonte de captação de recursos, forçando empresas a dependerem ainda mais de empréstimos bancários.
"O mercado de capitais tem tido uma expansão muito vigorosa. Isso reflete também uma economia que tem crescido de forma mais sustentável. A diversificação dos instrumentos de financiamento é importante para a economia seguir se expandindo", afirma Roberto Padovani, estrategista de investimentos sênior para a América Latina do WestLB.
O ano de 2007 foi especialmente significativo na consolidação do mercado de ações: a Bovespa registrou a entrada de 63 novas companhias em seu pregão -o melhor resultado em muitos anos.
Essa retomada do mercado acionário -que viu o número de empresas listadas cair de mais de 500 companhias no fim da década de 90 para cerca de 390 em 2004- mostra que os empresários estão redescobrindo essa alternativa para levantar recursos. Atualmente, há aproximadamente 450 empresas com ações na Bolsa.
O que analistas de mercado afirmam é que, mais do que o simples aumento do número de companhias listadas, houve uma melhora no perfil delas. Muitas empresas que não mais acreditavam na Bolsa e que passavam longos períodos sem terem seus papéis negociados no pregão cancelaram seus registros de companhia de capital aberto na última década, dando lugar a novatas mais interessadas e confiantes no mercado acionário doméstico.


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