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Valor das empresas na Bolsa alcança o PIB
Mercado brasileiro se iguala, proporcionalmente, ao dos países desenvolvidos, nos quais os dois indicadores se nivelam
Cotação das companhias listadas na Bolsa atinge R$ 2,5 tri em 2007; sete anos
antes, valor correspondia a apenas 37% do PIB do país
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento e a consolidação do mercado de capitais brasileiro nos últimos anos fizeram o valor das empresas listadas na Bovespa se equiparar
pela primeira vez ao tamanho
do PIB brasileiro -algo impensável no começo da década. As
cerca de 450 companhias listadas na Bolsa de Valores de São
Paulo representam um valor de
aproximadamente R$ 2,5 trilhões. O PIB (Produto Interno
Bruto) do país fechou 2007 em
R$ 2,55 trilhões.
Em maio, quando a Bovespa
atingiu seu recorde histórico de
pontuação, o valor das empresas superou os R$ 2,6 trilhões.
O que se via até 2005 era uma
diferença muito grande no tamanho da Bolsa em comparação à economia brasileira. Em
1996, o valor de mercado das
empresas cotadas na Bolsa representava aproximadamente
27% do PIB. Em 2000, essa
proporção havia subido, mas se
mantinha em níveis baixos, em
torno de 37%.
A expansão mais acelerada
no valor da Bolsa começou a ser
sentida depois de 2005, período em que o mercado acionário
iniciou sua retomada, com o
número de IPOs (oferta inicial
de ações, na sigla em inglês)
crescendo a cada ano. Agora, o
mercado brasileiro começa a
poder ser comparado, em termos proporcionais de tamanho, ao dos países desenvolvidos, em que a correlação entre a
Bolsa de Valores e o PIB costuma rondar os 100%.
"O mercado de capitais embalou nos últimos tempos. Entramos em um outro patamar
no que se refere à captação de
recursos via mercado de capitais. E a Bolsa está em um novo
nível, o que é relevante para
atrair capital externo e manter
seu ritmo", afirma Carlos Daniel Coradi, diretor-presidente
da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
Como os números de capitalização na Bolsa oscilam todos
os dias, com o sobe-e-desce das
ações, sua correlação com o
PIB pode variar bastante em
determinado período. Mesmo
assim, a comparação entre os
dois indicadores costuma ser
acompanhada pelos analistas,
pois serve de parâmetro para
medir o desenvolvimento do
mercado e a força das empresas
de capital aberto.
No dia 20 de maio, a Bovespa
registrou a maior pontuação de
sua história: 73.516 pontos. A
pontuação acompanha o valor
das ações. Assim, um nível recorde de pontos mostra que
nunca as ações valeram tanto.
Esse pico alcançado pela Bolsa é relevante para a economia,
pois um mercado de capitais
evoluído representa uma importante fonte de diversificação de captação de recursos pelo setor privado.
As empresas lançam ações
para levantar recursos, que
posteriormente são utilizados
para a realização de novos investimentos ou quitação de dívidas. Dessa forma, um país que
tem um mercado de capitais
fraco deixa de aproveitar uma
relevante fonte de captação de
recursos, forçando empresas a
dependerem ainda mais de empréstimos bancários.
"O mercado de capitais tem
tido uma expansão muito vigorosa. Isso reflete também uma
economia que tem crescido de
forma mais sustentável. A diversificação dos instrumentos
de financiamento é importante
para a economia seguir se expandindo", afirma Roberto Padovani, estrategista de investimentos sênior para a América
Latina do WestLB.
O ano de 2007 foi especialmente significativo na consolidação do mercado de ações: a
Bovespa registrou a entrada de
63 novas companhias em seu
pregão -o melhor resultado
em muitos anos.
Essa retomada do mercado
acionário -que viu o número
de empresas listadas cair de
mais de 500 companhias no
fim da década de 90 para cerca
de 390 em 2004- mostra que
os empresários estão redescobrindo essa alternativa para levantar recursos. Atualmente,
há aproximadamente 450 empresas com ações na Bolsa.
O que analistas de mercado
afirmam é que, mais do que o
simples aumento do número de
companhias listadas, houve
uma melhora no perfil delas.
Muitas empresas que não mais
acreditavam na Bolsa e que
passavam longos períodos sem
terem seus papéis negociados
no pregão cancelaram seus registros de companhia de capital
aberto na última década, dando
lugar a novatas mais interessadas e confiantes no mercado
acionário doméstico.
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