São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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Investidor em fundo DI obtém 1/3 do ganho real oferecido há um ano

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os investidores de fundos DI estão pondo no bolso um terço do ganho real líquido que obtinham um ano atrás. A rentabilidade real anualizada dos fundos DI no segundo trimestre deste ano foi de 4,3%, segundo cálculos do site Fortuna. No segundo trimestre de 2003, era de 13,8%.
O ganho real dos fundos foi calculado descontando-se a inflação medida pelo IPCA, o Imposto de Renda e a taxa de administração cobrada pelos bancos. Ela mostra o que foi realmente para o bolso do investidor."A queda dos ganhos abriu espaço para outras aplicações, como os fundos multimercados", diz Jorge Simino, diretor da MS Consult.
De janeiro até o último dia 13, R$ 2,4 bilhões saíram dos fundos DI, o equivalente a 1,48% do patrimônio dessas aplicações. Os multimercados tiveram captação positiva (aplicações menos saques) de R$ 4,9 bilhões no período.
O tombo na rentabilidade dos DI é resultado da queda da taxa básica de juros, a Selic, e da redução do chamado "prêmio" pago pelos títulos de longo prazo, nos quais eles aplicam o dinheiro do investidor. Esses títulos estavam pagando 2,75% ao ano, acima da Selic, em julho de 2002. "Esse prêmio foi caindo de lá para cá e chegou a quase zero", observa Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do Fortuna.
Segundo D'Agosto, todo o esforço do governo para reduzir a taxa de juros apenas serviu apenas para fazer os rendimentos voltarem ao patamar anterior à crise eleitoral. Desde o segundo semestre de 2000 o ganho real dos DI tem ficado entre 4% e 5% ao ano. No início do Plano Real, em 1998, eles chegaram a render 19,4% ao ano graças aos juros altos e à inflação baixa.
A análise do rendimento trimestre a trimestre (veja quadro) permite acompanhar o impacto da queda dos juros básicos da economia e do comportamento da inflação sobre essas aplicações financeiras. Ela também mostra se há muita oscilação no curto prazo, "o que seria ruim, pois indicaria uma situação de instabilidade dos juros e da inflação", comenta D'Agosto.
Segundo o Fortuna, após o pico de rentabilidade real atingido em maio de 2003 (12% ao ano) -véspera do primeiro corte na Selic-, a tendência dos ganhos dos DI foi de queda. "Os juros altos do início de 2003 permitiram recuperar as perdas do investidor na crise eleitoral", diz D'Agosto. No último trimestre de 2002, os DI tiveram rendimento de -8,5% ao ano.


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