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Mercado já fala
em crescimento
de 0,8% em 2001
DA SUCURSAL DO RIO
Surpreendido pelo PIB do segundo trimestre, o mercado financeiro se prepara para rever
suas projeções para este ano. O
BBV Banco estima que, se
mantidas as atuais condições, o
crescimento da economia em
2001 será de apenas 0,8%.
Para o economista do banco
Luiz Afonso Lima, se os efeitos
do racionamento, da crise argentina e das altas do dólar e
dos juros castigarem a economia na mesma intensidade
mostrada no terceiro trimestre,
a taxa ficará nesse patamar.
Entretanto ele ressalva que o
banco ainda precisa de mais informações sobre indústria e
agropecuária para revisar, com
mais segurança, a estimativa
do PIB anual, que era de um incremento de 2,6%.
A mesma postura foi repetida
por economistas de outras instituições. Wilson Ramião, do
Lloyds TSB, disse que "certamente a taxa será revisada para
baixo", após o crescimento menor do segundo trimestre -de
0,79%. O banco previa expansão de 2,5% neste ano.
O Ipea, que previa crescimento de 2,7% em 2001, também vai rever sua projeção.
Camila Lima, do Santander,
diz que, com o resultado trimestral o Banco Central, deve
mudar a sua política de aumento de juros. "Do ponto de vista
de conter a inflação, nesse cenário não vale a pena o BC continuar elevando juros." Ela disse que a previsão de crescimento para o PIB no ano, de 2,5% a
3%, também será revisada.
O BC, para evitar a alta da inflação, vem elevando a taxa básica de juros desde março.
Boa notícia
O economista e professor
William Eide Jr., da Fundação
Getúlio Vargas, considerou o
resultado do PIB para o segundo trimestre deste ano, "sob o
ponto de vista da política econômica do governo", uma boa
notícia.
Eide explica que a intenção
do governo ao aumentar a taxa
de juros é reduzir a atividade
econômica para controlar a inflação.
"Temos que pensar em termos de curto, médio e longo
prazos", afirma Eide. "E o que
interessa ao governo no curto e
no médio prazos é controlar a
inflação."
Quando há crescimento econômico, as pessoas compram
mais produtos e dão mais margem para os fabricantes elevarem os preços. Isso cria uma
pressão inflacionária sobre a
economia, que pode ser evitada
com uma retração. De acordo
com Eide, é essa a intenção do
governo ao elevar os juros.
Hot-dog
Por outro lado, o desemprego
e o número de falências aumenta. "Mas não dá pra cozinhar salsicha sem água quente", afirmou Eide. "Tem que
queimar alguém."
Para o economista, com a
queda do PIB, devem parar os
aumentos na taxa de juros,
porque o governo já atingiu o
seu objetivo. "Se subirem os juros de novo, o empresário que
está com a corda no pescoço
vai quebrar. Mais uma alta de
juros seria o último puxão na
corda", declarou Eide.
Se a inflação não fosse contida neste ano, Eide calcula que o
Brasil voltaria a ter problemas
daqui a dois ou três anos. Com
a retração da atividade econômica, o país poderia entrar nos
próximos anos com a situação
controlada.
Colaborou Diego Viana, da Redação
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