São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Itens básicos do pacote financeiro já teriam sido fechados

FMI e G-7 avaliam apoio à Argentina

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o G-7 (os sete países mais ricos do mundo) querem solucionar as últimas dúvidas sobre a viabilidade política de um novo aperto fiscal na Argentina para dar o sinal verde ao anúncio do pacote de ajuda ao país.
A informação é de um funcionário envolvido nas negociações. Segundo ele, todos os itens básicos do novo pacote já foram fechados: faltaria apenas convencer os governos do G-7 de que a Argentina vai conseguir executar o programa vinculado ao pacote.
Estima-se que algum tipo de anúncio do FMI seja feito antes do final de semana (provavelmente na sexta-feira), mas não há certeza de que o pacote completo vá ser divulgado. Pode ser que o FMI opte apenas por um comunicado de apoio ao país, com o objetivo de acalmar os mercados.
Ontem, o vice-ministro da Economia da Argentina, Daniel Marx, disse que "as negociações estão caminhando conforme o esperado" e negou, novamente, que elas envolvam uma possível reestruturação da dívida argentina. "Estamos trabalhando com o objetivo de fortalecer o programa atual", afirmou Marx.
Depois de uma conversa com autoridades não identificadas do governo argentino, o banco de investimentos JP Morgan-Chase fez circular ontem, internamente, um documento estimando em US$ 15 bilhões o valor de uma nova ajuda financeira ao país.
No entanto, o banco informou que apenas US$ 6 bilhões desse valor seriam, de fato, recursos novos. Segundo o documento, deverão ser adicionados, ao valor final do pacote, empréstimos que já haviam sido prometidos à Argentina no passado mas que ainda não foram desembolsados. Seriam usados "para fazer volume"
Entre eles estão os US$ 7 bilhões restantes do empréstimo original de US$ 13 bilhões do FMI à Argentina e US$ 5 bilhões que o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento prometeram à Argentina no passado. O resto do valor viria de bancos privados.
Outros rumores também indicavam que o novo pacote à Argentina teria um valor extremamente alto -entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões-, mas "intocável": os recursos novos seriam mínimos e quase que inteiramente condicionados a um aperto fiscal severo. Além disso, apenas um pequena parcela desse valor seria liberada num primeiro momento.
Além de novos recursos do FMI -entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões- comenta-se que o pacote terá recursos do G-7, do governo da Espanha, de bancos privados, do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O FMI desmente esses números, informando que as negociações da instituição com o governo argentino continuam.


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