|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELECOMUNICAÇÕES
Perda no semestre foi 158% maior do que no mesmo período de 2000; ações da empresa caem 7,6%
Globo Cabo tem prejuízo de R$ 389 milhões
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O balanço financeiro da Globo
Cabo, divulgado ontem, mostrou
um prejuízo acumulado de R$
389,3 milhões no semestre. O desaquecimento da economia atingiu em cheio a empresa, que começou o ano na expectativa de repetir a taxa de crescimento de assinantes de 12% exibida no ano
passado e agora já admite fechar
2001 com o mesmo número de assinantes do ano passado (1,4 milhão) ou até menor.
O prejuízo dos seis primeiros
meses deste ano é 158% maior do
que o acumulado no primeiro semestre do ano passado (R$ 150,6
milhões), embora tenha havido
uma melhora nos indicadores do
segundo trimestre.
Com a desvalorização do real
-que encarece o custo da programação adquirida no exterior e
onera o endividamento da empresa- e a queda na taxa de crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto), a Globo Cabo botou o pé
no freio. Demitiu 1.600 de seus
6.500 empregados e reduziu o plano de investimentos para este ano
de US$ 200 milhões para US$ 130
milhões.
Os resultados financeiros do semestre foram anunciados por
Leonardo Pereira, diretor de relações com investidores, que chamou a atenção para a melhoria de
alguns indicadores, como a redução de 11% no endividamento da
companhia no segundo trimestre.
O endividamento, que estava
em R$ 1,58 bilhão no final do primeiro trimestre, recuou para R$
1,4 bilhão, mas mais da metade
(57%) está atrelada ao dólar, o
que deixa a companhia muito
vulnerável à desvalorização cambial. A empresa, segundo o diretor, quer reduzir o endividamento
em dólar para 50%.
Para ele, o resultado do balanço
correspondeu à projeções que vinham sendo feitas pelos analistas,
mas o mercado não entendeu assim. As ações da empresa caíram
7,6% ontem na Bolsa de Valores
de São Paulo. O executivo não
quis comentar a reação da Bolsa.
Leonardo Pereira disse que o
desaquecimento da economia
tem reflexo imediato na empresa,
que adaptou sua estratégia comercial ao cenário de crise.
No segundo trimestre, a companhia cortou o sinal e retirou os decodificadores de programação
das casas de 32 mil assinantes que
estavam com mais de um mês de
atraso no pagamento da mensalidade. A maior parte dos inadimplentes eram assinantes da NET
Sul: a rede de TV a cabo de Santa
Catarina, Paraná e Rio Grande do
Sul, que foi absorvida pela Globo
Cabo em junho do ano passado.
Percentualmente, segundo Leonardo Pereira, o corte foi pequeno, pois correspondeu a 2,1% da
base de assinantes, que caiu de
1,524 milhão em março para 1,492
milhão no final de junho. A inadimplência estaria concentrada
nos usuários do pacote popular
de programação, o ""standard",
cuja mensalidade é de R$ 29,00.
O fenômeno levou a empresa a
rever sua estratégia de comercialização para o período de crise. A
comercialização do pacote ""standard" será suspensa em algumas
praças, cujos nomes não foram
divulgados pela empresa.
A família Marinho, acionista
controladora da Globo Cabo,
usou um recurso contábil para tirar a companhia da situação atual
de patrimônio líquido negativo:
fez uma cisão na holding Distel
-onde estão as ações de controle
da Globo Cabo- e criou uma nova holding, chamada Globotel.
O objetivo foi transferir para a
nova holding a contabilização dos
ágios pagos na compra das empresas que engordaram a estrutura da Globo Cabo nos últimos
anos, como Vicom e Net Sul.
Texto Anterior: Impasse deixa governo do PR em estado de alerta Próximo Texto: Unibanco lucra R$ 431 mi no semestre Índice
|