São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2001

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TELECOMUNICAÇÕES

Perda no semestre foi 158% maior do que no mesmo período de 2000; ações da empresa caem 7,6%

Globo Cabo tem prejuízo de R$ 389 milhões

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O balanço financeiro da Globo Cabo, divulgado ontem, mostrou um prejuízo acumulado de R$ 389,3 milhões no semestre. O desaquecimento da economia atingiu em cheio a empresa, que começou o ano na expectativa de repetir a taxa de crescimento de assinantes de 12% exibida no ano passado e agora já admite fechar 2001 com o mesmo número de assinantes do ano passado (1,4 milhão) ou até menor.
O prejuízo dos seis primeiros meses deste ano é 158% maior do que o acumulado no primeiro semestre do ano passado (R$ 150,6 milhões), embora tenha havido uma melhora nos indicadores do segundo trimestre.
Com a desvalorização do real -que encarece o custo da programação adquirida no exterior e onera o endividamento da empresa- e a queda na taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a Globo Cabo botou o pé no freio. Demitiu 1.600 de seus 6.500 empregados e reduziu o plano de investimentos para este ano de US$ 200 milhões para US$ 130 milhões.
Os resultados financeiros do semestre foram anunciados por Leonardo Pereira, diretor de relações com investidores, que chamou a atenção para a melhoria de alguns indicadores, como a redução de 11% no endividamento da companhia no segundo trimestre.
O endividamento, que estava em R$ 1,58 bilhão no final do primeiro trimestre, recuou para R$ 1,4 bilhão, mas mais da metade (57%) está atrelada ao dólar, o que deixa a companhia muito vulnerável à desvalorização cambial. A empresa, segundo o diretor, quer reduzir o endividamento em dólar para 50%.
Para ele, o resultado do balanço correspondeu à projeções que vinham sendo feitas pelos analistas, mas o mercado não entendeu assim. As ações da empresa caíram 7,6% ontem na Bolsa de Valores de São Paulo. O executivo não quis comentar a reação da Bolsa.
Leonardo Pereira disse que o desaquecimento da economia tem reflexo imediato na empresa, que adaptou sua estratégia comercial ao cenário de crise.
No segundo trimestre, a companhia cortou o sinal e retirou os decodificadores de programação das casas de 32 mil assinantes que estavam com mais de um mês de atraso no pagamento da mensalidade. A maior parte dos inadimplentes eram assinantes da NET Sul: a rede de TV a cabo de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, que foi absorvida pela Globo Cabo em junho do ano passado.
Percentualmente, segundo Leonardo Pereira, o corte foi pequeno, pois correspondeu a 2,1% da base de assinantes, que caiu de 1,524 milhão em março para 1,492 milhão no final de junho. A inadimplência estaria concentrada nos usuários do pacote popular de programação, o ""standard", cuja mensalidade é de R$ 29,00.
O fenômeno levou a empresa a rever sua estratégia de comercialização para o período de crise. A comercialização do pacote ""standard" será suspensa em algumas praças, cujos nomes não foram divulgados pela empresa.
A família Marinho, acionista controladora da Globo Cabo, usou um recurso contábil para tirar a companhia da situação atual de patrimônio líquido negativo: fez uma cisão na holding Distel -onde estão as ações de controle da Globo Cabo- e criou uma nova holding, chamada Globotel.
O objetivo foi transferir para a nova holding a contabilização dos ágios pagos na compra das empresas que engordaram a estrutura da Globo Cabo nos últimos anos, como Vicom e Net Sul.


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