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NA CADEIA
Em seu primeiro dia de prisão, Mansur recebe visita de oficiais de Justiça; ex-funcionários do Mappin fazem protesto na PF
Oficiais de Justiça intimam Mansur depois de preso
JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu primeiro dia na carceragem da Polícia Federal, no bairro
de Higienópolis, em São Paulo, o
ex-proprietário do Mappin e da
Mesbla, Ricardo Mansur, teve de
receber visitas que há muito tempo evitava.
Pelas contas de agentes da PF,
pelo menos seis oficiais de Justiça
apareceram para entregar mandados de citação nos quais o empresário é informado de que, num
prazo de 24 horas, terá de pagar
dívidas ou oferecer bens para penhora (garantindo pagamento de
dívida).
Oficiais de Justiça disseram que
haviam tentado encontrar o empresário outras vezes, mas ele
nunca estava nos endereços que
constavam dos processos. Os documentos tiveram de ser assinados ontem pessoalmente por
Mansur.
A visita mais barulhenta ocorreu no final da tarde. Ex-funcionários do Mappin fizeram uma
manifestação na frente do edifício
da Polícia Federal, com um carro
de som. Suas palavras de ordem:
"Quer roubar, quer roubar, o
Mansur vai ensinar".
Os cerca de 30 antigos empregados da rede de lojas foram protestar contra o provável habeas corpus que ele pretende conseguir,
como afirmaram seus advogados.
"Não é possível que empresários
como ele possam falir desse jeito e
depois sair sorrindo, sem qualquer punição, depois de destruir a
vida de milhares de funcionários", afirmou Ricardo Patah, vice-presidente do Sindicato dos
Comerciários de São Paulo, entidade que organizou o protesto
com apoio da Força Sindical.
Dívidas
Em todo o país, as redes de lojas
Mappin e Mesbla deixaram mais
de 10 mil funcionários que ainda
têm dívidas trabalhistas a receber.
Pelos cálculos do sindicato, já foram pagos R$ 8 milhões em verbas rescisórias, mas restam pelo
menos R$ 32 milhões.
Patah disse que existem pelo
menos 200 casos de empresas do
setor que faliram e ainda têm dívidas trabalhistas para pagar. "Existem empresas que faliram há duas
décadas e os funcionários não
conseguiram receber nada até hoje", acrescentou.
Edson Ramos, 42, trabalhou no
Mappin durante 14 anos, exatamente no departamento de relações trabalhistas. Casado, pai de
dois filhos, disse que ficou oito
meses sem conseguir outro emprego, também no comércio. Demorou quase um ano para receber somente parte da dívida que o
Mappin precisa lhe pagar.
A maior parte do dinheiro
-entre os quais a multa de 40%
sobre o FGTS paga quando a demissão ocorre sem justa causa-
ainda não saiu. "Tenho colegas
que ficaram em situação muito
pior do que a minha. Gente que
até hoje não arranjou outro emprego", disse.
A ex-gerente de uma das filiais
do Mappin Maria Aparecida Lemos, 40, também apareceu para
protestar. "Só em saber que ele está preso aí dentro já dá para sentir
certa satisfação", explicou. Aparecida também conseguiu outro
emprego pouco depois, na mesma função. Mas disse que ainda
precisa receber pelo menos metade do que tem direito.
"A minha situação podia ter sido pior, se eu tivesse filhos."
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