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MEDICINA DE GRUPO
Governo recua e manda texto ao Congresso para debates e esclarecimentos; Idec diz que decisão é correta
MP dos planos de saúde vira projeto de lei
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo voltou atrás ontem e
decidiu transformar em projeto
de lei as alterações feitas pela medida provisória nº 2.177-43, de 27
de julho, nas regras dos planos de
saúde antigos -assinados até 31
de dezembro de 98.
Segundo nota oficial distribuída
no início da noite de ontem pela
ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), o projeto de lei deverá tramitar no Congresso Nacional com maior "tempo para
debates, esclarecer as confusões e
aprovar medidas que são de interesse dos consumidores".
Assinada pelo diretor-presidente da ANS, Januário Montone, a
nota (ver íntegra à direita) diz que
espera que "o Congresso possa
votar logo o projeto em benefício
dos milhões de associados a planos de saúde".
O principal motivo para o recuo
do governo foi a pressão feita por
entidades e associações de defesa
do consumidor. Reunidas em São
Paulo na segunda-feira, entidades
como o Idec (Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor), Procon (Fundação Procon de São
Paulo), Conselho Federal de Medicina, Ordem dos Advogados do
Brasil, Associação Médica Brasileira, Fórum de Entidades Nacionais de Defesa dos Portadores de
Patologias e Deficiências e Fórum
Nacional de Acompanhamento
da Regulamentação dos Planos de
Saúde divulgaram comunicado
repudiando as novas regras.
Também contribuiu para a decisão do governo a reunião realizada ontem à tarde pela Comissão
de Seguridade Social da Câmara
dos Deputados para analisar as
novas regras. Com a decisão de
ontem, o governo deverá reeditar
a 42ª versão da MP nº 2.177.
Para Marilena Lazzarini, coordenadora-executiva do Idec, "a
decisão do governo é correta e
mostra bom senso". Com o projeto de lei, "teremos oportunidade
de debater o assunto em seus diversos aspectos".
Marilena afirmou também que
a mudança por parte do governo
mostra que valeu a organização
das entidades contra a medida
provisória. "Finalmente tivemos
hoje (ontem) uma boa notícia."
Polêmica
Desde que foram publicadas,
em 28 de julho, as novas regras
criaram polêmica entre a ANS e as
entidades e associações de defesa
dos consumidores.
De um lado, a agência entendia
que a medida provisória era vantajosa para os consumidores. Do
outro, as entidades e associações
garantiam que não, que haveria
prejuízos. Para a agência, a MP
não mudava nenhuma cláusula
ou regra dos atuais planos de saúde, não acabava com a livre escolha de médicos, hospitais e laboratórios e não criava a figura do
"médico porteiro" (ou "triador").
As entidades entendiam que a
MP criava um plano que proibia o
consumidor de optar, livremente,
pelo médico, laboratório ou hospital de sua preferência, mesmo
que estivessem credenciados pelo
plano. Além disso, o paciente seria obrigado a passar por uma
triagem. Caberia a esse médico
"triador" (um clínico geral) dizer
se o consumidor seria ou não consultado por um especialista.
Para a ANS, o consumidor não
seria obrigado a aderir ao Plano
Especial de Adesão a Contrato
Adaptado. A opção seria do consumidor, ou seja, se quisesse, ele
ficaria com o seu plano atual.
As entidades diziam que os consumidores com planos antigos teriam de se adaptar às novas regras
até dezembro de 2003 (para contratos assinados a partir de janeiro de 99, haveria adaptação automática). Se não se adaptassem, os
consumidores teriam de negociar
diretamente com as operadoras,
podendo perder carências.
Para a ANS, quem aderisse às
regras teria cobertura assistencial
integral, sem carências para as
novas coberturas, inclusive as relativas às doenças e lesões preexistentes, como câncer, Aids e transplantes (nem todos os planos antigos cobrem essas doenças).
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