São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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Mudança não recupera fundos já

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova mudança nas normas dos fundos de investimento não deverá melhorar de imediato a rentabilidade dos fundos nem eliminar o risco de o investidor ter rendimento negativo em um ou outro dia, segundo analistas consultados pela Folha.
Ela apenas deverá diminuir a volatilidade (oscilação) verificada desde o final de maio nessas aplicações, quando entrou em vigor a chamada "marcação a mercado", a contabilização do valor dos títulos das carteiras dos fundos pelo seu valor diário no mercado secundário.
Por isso os analistas recomendam que antes de mudar de aplicação, neste momento, o investidor considere quanto pode suportar de oscilação, pois não existe mais "porto seguro" -rentabilidade alta e risco baixo.
A mudança atual deverá atenuar especialmente a oscilação dos fundos DI, pois eles têm sua carteira concentrada em títulos pós-fixados. Pela nova regra, os gestores poderão optar por não marcar parte desses papéis pelo seu valor de mercado, corrigindo-os por uma taxa de juros.
"No médio prazo, cerca de oito meses, o retorno dos fundos DI tende a ser melhor do que o da poupança e dos CDBs", diz Alexandre Póvoa, diretor do ABN-Amro Asset Management.
Já os fundos de renda fixa, que carregam títulos prefixados e pós-fixados, devem apresentar volatilidade mais acentuada que os DI. "Os papéis prefixados têm de ser contabilizados pelo valor de mercado. Mas, no longo prazo, os fundos de renda fixa tendem a render mais do que os DI, até porque têm maior risco", diz o consultor Walter Mundell.
Segundo os analistas, a oscilação diária dos rendimentos dos fundos foi um dos fatores que levou os investidores a fugirem dessa aplicação. "Mas o risco de o novo governo não honrar a dívida pública também assustou o investir e fez crescer os resgates", diz o consultor William Eid, professor da Fundação Getúlio Vargas.
Desde maio, quase R$ 50 bilhões saíram dos fundos em direção à poupança, CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e imóveis. "Agora, os CDBs vão voltar para as prateleiras dos bancos, eles só competiam com os fundos devido ao fato de não mostrarem oscilação," diz Mauro Halfeld, consultor e professor de economia da Universidade Federal do Paraná. Na sua opinião, quem resgatou dinheiro de um fundo DI ou de renda fixa, depois de maio, deve analisar se é hora de voltar. "Se o dinheiro foi para a poupança, está rendendo 0,7% ao mês", diz ele.
Devido à grande oscilação das cotas dos fundos, alguns deles estão rendendo -1% neste mês. "Mas as medidas adotadas pelo Banco Central devem conter a desvalorização dos títulos e a oscilação dos fundos e eles devem voltar a render entre 1% e 1,2% ao mês, no médio prazo", acrescenta Halfeld.
No entanto, ele só recomenda deixar a poupança e voltar para os fundos DI se o investidor tiver mais do que R$ 10 mil para investir. "Abaixo desse valor as taxas de administração são altas e comem o ganho do investidor."
Na sua opinião, o pequeno e médio investidor que fugiu para os CDBs deve considerar a possibilidade de voltar para um fundo DI. "Esses investidores conseguem obter uma rentabilidade de apenas 80% do CDI [Certificado de Depósito Interbancário", quando os DI estão rendendo, em média, 112% do CDI", diz ele.


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