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Mudança não recupera fundos já
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova mudança nas normas
dos fundos de investimento não
deverá melhorar de imediato a
rentabilidade dos fundos nem eliminar o risco de o investidor ter
rendimento negativo em um ou
outro dia, segundo analistas consultados pela Folha.
Ela apenas deverá diminuir a
volatilidade (oscilação) verificada
desde o final de maio nessas aplicações, quando entrou em vigor a
chamada "marcação a mercado",
a contabilização do valor dos títulos das carteiras dos fundos pelo
seu valor diário no mercado secundário.
Por isso os analistas recomendam que antes de mudar de aplicação, neste momento, o investidor considere quanto pode suportar de oscilação, pois não existe mais "porto seguro" -rentabilidade alta e risco baixo.
A mudança atual deverá atenuar especialmente a oscilação
dos fundos DI, pois eles têm sua
carteira concentrada em títulos
pós-fixados. Pela nova regra, os
gestores poderão optar por não
marcar parte desses papéis pelo
seu valor de mercado, corrigindo-os por uma taxa de juros.
"No médio prazo, cerca de oito
meses, o retorno dos fundos DI
tende a ser melhor do que o da
poupança e dos CDBs", diz Alexandre Póvoa, diretor do ABN-Amro Asset Management.
Já os fundos de renda fixa, que
carregam títulos prefixados e pós-fixados, devem apresentar volatilidade mais acentuada que os DI.
"Os papéis prefixados têm de ser
contabilizados pelo valor de mercado. Mas, no longo prazo, os
fundos de renda fixa tendem a
render mais do que os DI, até porque têm maior risco", diz o consultor Walter Mundell.
Segundo os analistas, a oscilação diária dos rendimentos dos
fundos foi um dos fatores que levou os investidores a fugirem dessa aplicação. "Mas o risco de o novo governo não honrar a dívida
pública também assustou o investir e fez crescer os resgates", diz o
consultor William Eid, professor
da Fundação Getúlio Vargas.
Desde maio, quase R$ 50 bilhões saíram dos fundos em direção à poupança, CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e imóveis. "Agora, os CDBs vão voltar
para as prateleiras dos bancos,
eles só competiam com os fundos
devido ao fato de não mostrarem
oscilação," diz Mauro Halfeld,
consultor e professor de economia da Universidade Federal do
Paraná. Na sua opinião, quem
resgatou dinheiro de um fundo
DI ou de renda fixa, depois de
maio, deve analisar se é hora de
voltar. "Se o dinheiro foi para a
poupança, está rendendo 0,7% ao
mês", diz ele.
Devido à grande oscilação das
cotas dos fundos, alguns deles estão rendendo -1% neste mês.
"Mas as medidas adotadas pelo
Banco Central devem conter a
desvalorização dos títulos e a oscilação dos fundos e eles devem voltar a render entre 1% e 1,2% ao
mês, no médio prazo", acrescenta
Halfeld.
No entanto, ele só recomenda
deixar a poupança e voltar para os
fundos DI se o investidor tiver
mais do que R$ 10 mil para investir. "Abaixo desse valor as taxas de
administração são altas e comem
o ganho do investidor."
Na sua opinião, o pequeno e
médio investidor que fugiu para
os CDBs deve considerar a possibilidade de voltar para um fundo
DI. "Esses investidores conseguem obter uma rentabilidade de
apenas 80% do CDI [Certificado
de Depósito Interbancário",
quando os DI estão rendendo, em
média, 112% do CDI", diz ele.
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