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EM TRANSE
Falta da moeda norte-americana continuou ontem; em apenas cinco pregões, cotação acumula aumento de 10,3%
Com nova alta, dólar é vendido a R$ 3,21
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo quinto pregão consecutivo
o dólar fechou em alta ontem. A
moeda americana subiu 0,16%,
para R$ 3,21. Desde a sexta-feira, a
alta acumulada é de 10,3%. Durante o dia, a cotação oscilou entre baixa de 2% -logo na abertura dos negócios- e alta de 0,94%.
A moeda iniciou o dia em queda, reagindo positivamente às
medidas divulgadas na noite da
quarta-feira pelo governo. Houve
alterações nas regras dos fundos
de investimentos e novos aumentos nas alíquotas de depósito
compulsório dos bancos.
Porém as medidas não resolvem o principal problema do
mercado, que é a falta de liquidez.
O mercado cambial está seco de
dólares porque o crédito externo
para empresas brasileiras está
praticamente zerado. Os motivos
são a instabilidade política do país
em ano eleitoral e a aversão mundial ao risco, após fraudes de
companhias dos EUA.
A redução do compulsório, que
em teoria reduziria o poder dos
bancos de fazer grandes movimentações com dólares, não surtiu efeito ontem devido à falta de
negócios no mercado.
Além disso, analistas avaliam
que levará algumas semanas para
que os resultados das mudanças
anunciadas pelo BC possam ser
vistos: "É preciso ter certeza de
que os saques aos fundos irão diminuir para que certa tranquilidade volte", afirma o economista
Vladimir Caramaschi, da Fator
Doria Atherino. "Se isso acontecer, ficará claro que as pessoas
deixaram esse tipo de investimento nos últimos meses porque viram a queda inesperada de rentabilidade e não por temerem um
calote brasileiro."
A pressão sobre o dólar também
foi menor devido ao fim das movimentações em torno dos US$
2,5 bilhões de títulos cambiais que venciam ontem. Nos dias anteriores, o mercado havia especulado em torno de como seria feita a rolagem dos papéis, além de ter tentado elevar a cotação do dólar para garantir remuneração maior.
Segundo analistas, quando se confirmarem os créditos para a exportação anunciados pelo BNDES e pelo Banco Central, o dólar poderá ceder um pouco.
Mas uma queda forte da moeda está atrelada a uma surpresa, como a subida do candidato do governo José serra (PSDB) nas pesquisas eleitorais. Ainda assim, a avaliação dos operadores é que, sem as novas medidas, o dólar poderia ter subido mais ontem.
O BC atuou no mercado ontem vendendo dólares. Na segunda-feira, a autoridade monetária vendeu US$ 60 milhões. Desde que interrompeu a venda diária de dólares ao mercado, o BC já gastou cerca de US$ 510 milhões.
No ano, o valor está em cerca de US$ 2,96 bilhões. Os números não
incluem intervenções feitas nos últimos dois dias.
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