São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM TRANSE

Falta da moeda norte-americana continuou ontem; em apenas cinco pregões, cotação acumula aumento de 10,3%

Com nova alta, dólar é vendido a R$ 3,21

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo quinto pregão consecutivo o dólar fechou em alta ontem. A moeda americana subiu 0,16%, para R$ 3,21. Desde a sexta-feira, a alta acumulada é de 10,3%. Durante o dia, a cotação oscilou entre baixa de 2% -logo na abertura dos negócios- e alta de 0,94%.
A moeda iniciou o dia em queda, reagindo positivamente às medidas divulgadas na noite da quarta-feira pelo governo. Houve alterações nas regras dos fundos de investimentos e novos aumentos nas alíquotas de depósito compulsório dos bancos.
Porém as medidas não resolvem o principal problema do mercado, que é a falta de liquidez. O mercado cambial está seco de dólares porque o crédito externo para empresas brasileiras está praticamente zerado. Os motivos são a instabilidade política do país em ano eleitoral e a aversão mundial ao risco, após fraudes de companhias dos EUA.
A redução do compulsório, que em teoria reduziria o poder dos bancos de fazer grandes movimentações com dólares, não surtiu efeito ontem devido à falta de negócios no mercado.
Além disso, analistas avaliam que levará algumas semanas para que os resultados das mudanças anunciadas pelo BC possam ser vistos: "É preciso ter certeza de que os saques aos fundos irão diminuir para que certa tranquilidade volte", afirma o economista Vladimir Caramaschi, da Fator Doria Atherino. "Se isso acontecer, ficará claro que as pessoas deixaram esse tipo de investimento nos últimos meses porque viram a queda inesperada de rentabilidade e não por temerem um calote brasileiro."
A pressão sobre o dólar também foi menor devido ao fim das movimentações em torno dos US$ 2,5 bilhões de títulos cambiais que venciam ontem. Nos dias anteriores, o mercado havia especulado em torno de como seria feita a rolagem dos papéis, além de ter tentado elevar a cotação do dólar para garantir remuneração maior.
Segundo analistas, quando se confirmarem os créditos para a exportação anunciados pelo BNDES e pelo Banco Central, o dólar poderá ceder um pouco. Mas uma queda forte da moeda está atrelada a uma surpresa, como a subida do candidato do governo José serra (PSDB) nas pesquisas eleitorais. Ainda assim, a avaliação dos operadores é que, sem as novas medidas, o dólar poderia ter subido mais ontem.
O BC atuou no mercado ontem vendendo dólares. Na segunda-feira, a autoridade monetária vendeu US$ 60 milhões. Desde que interrompeu a venda diária de dólares ao mercado, o BC já gastou cerca de US$ 510 milhões.
No ano, o valor está em cerca de US$ 2,96 bilhões. Os números não incluem intervenções feitas nos últimos dois dias.


Texto Anterior: Banco de Brasília lidera em queixas
Próximo Texto: BC quer reduzir a circulação de cheques no país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.