São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dólar em baixa derruba resultado da Eletrobrás

DA FOLHA ONLINE

A depreciação do dólar ante o real derrubou o resultado financeiro da holding Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.), uma das principais estatais do país -junto com a Petrobras e o Banco do Brasil. A Eletrobrás fechou o segundo trimestre deste ano com prejuízo líquido de R$ 612 milhões. Em igual período do ano passado, a empresa havia obtido lucro de R$ 1,630 bilhão.
No semestre, o prejuízo da companhia foi de R$ 36,438 milhões, contra um lucro de R$ 2,075 bilhões contabilizado em igual período do ano passado.
Esse prejuízo pode ser explicado pelo perfil da carteira de recebíveis da Eletrobrás: 50% estão atrelados à moeda americana. A estatal detém 50% de participação na usina de Itaipu, que vende sua energia em dólar. "Só os financiamentos a receber de créditos da Itaipu Binacional, indexados pelo dólar, somam R$ 18 bilhões, o equivalente a US$ 7,7 bilhões", diz comunicado da estatal.
A receita obtida com fornecimento de energia pelas demais geradoras -que não é indexado ao câmbio- ficou praticamente estável, em torno de R$ 4,8 bilhões ante R$ 4,6 bilhões no mesmo período de 2004.
Para o analista Oswaldo Telles Filho, do banco Banif Primus, a exposição da Eletrobrás é "relativamente alta" e afeta o resultado da estatal. "Ela empresta em dólar para outras empresas. Quando o real se valoriza, a empresa perde."
Pelos cálculos da Eletrobrás, o impacto da variação cambial no resultado do semestre resultou em uma perda de R$ 2,3 bilhões. No mesmo período do ano anterior, segundo a estatal, houve um ganho de R$ 1,4 bilhão.
Apesar desse quadro, Telles Filho espera por recuperação do resultado da Eletrobrás ao longo do segundo semestre. Essa recuperação se dará, principalmente, pelo efeito cambial. O banco Banif Primus espera por um dólar de R$ 2,60 no final do ano.
Essa expectativa positiva já foi sentida pelo mercado. As ações ordinárias da Eletrobrás fecharam em alta de 4,26% e ficaram entre as maiores valorizações da Bolsa de São Paulo no dia.

Consumo
O aumento da temperatura média no primeiro semestre deste ano fez o consumo de energia elétrica crescer 5,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A temperatura mais elevada influenciou no aumento de consumo nas classes residencial, comercial e rural. As informações são das Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que agora é a instituição responsável pela divulgação do consumo de energia, em substituição à Eletrobrás.
A indústria também registrou um crescimento no consumo de energia elétrica, mas a alta de 4% foi inferior aos 5,6% do primeiro semestre de 2004 (em relação a 2003). Essa taxa, segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquin, reflete o menor crescimento da produção industrial, principalmente no primeiro trimestre.


Colaborou Luciana Brafman, da Sucursal do Rio


Texto Anterior: Alta do real compensa ausência de reajustes nos preços internos
Próximo Texto: Balanço: Banco do Brasil lucra R$ 1,98 bi no semestre
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.