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RISCO-MENSALÃO
Governo tenta mudar mínimo hoje na Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo tenta hoje mobilizar
o que resta de sua base aliada e
buscar o apoio da oposição para
restabelecer, na Câmara dos Deputados, o salário mínimo de R$
300. Na semana passada, em decisão surpreendente, o Senado elevou o valor a R$ 384,29.
O mínimo foi o tema principal
da reunião de ontem entre o presidente Lula e sua equipe de coordenação política. O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) foi incumbido de procurar os líderes partidários do governo e da oposição em busca de
acordo para aprovar a medida.
Em circunstâncias normais, a
tarefa não seria das mais difíceis.
A oposição, especialmente o
PSDB, não tem grande interesse
em insistir no megarreajuste do
mínimo -que pode quebrar não
apenas a União mas também Estados e municípios.
Em junho, a Câmara aprovou a
MP que elevou o mínimo a R$
300. No entanto, a base governista
se encontra totalmente desarticulada pela crise política, e as atenções do Congresso estarão voltadas para os depoimentos dos ex-tesoureiros do PL e do PTB na
CPI do Mensalão.
Mais: é remota a chance de o governo conseguir um acordo de lideranças que permita uma votação simbólica. Deputados mais
radicais dos partidos de esquerda
e também do PFL estão dispostos
a pedir verificação de quórum
-o que obrigará a presença mínima no plenário de 257 dos 513
deputados e votação nominal.
"Quem quiser votar contra pode, mas terá de deixar seu nome
no painel de votação", disse ontem o deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA). A proposta de elevar o mínimo a R$
384,29 foi apresentada pelo senador Antonio Carlos Magalhães.
A votação de hoje será acertada
numa reunião dos líderes partidários às 11h. Se não sentir segurança para votar a medida entre hoje
e amanhã, a estratégia do governo
será deixar expirar sua vigência, o
que ocorrerá na sexta. No caso, o
mínimo volta a R$ 260, e o governo pode criar um abono de R$ 40.
Se a Câmara aprovar o texto do
Senado, restará ao Planalto o desgaste de vetar integralmente a
proposta, que ainda fixa para o
mínimo um reajuste de 39,09%
acima da inflação em maio de
2006 -de forma a cumprir a promessa eleitoral de Lula de dobrar
o valor real do mínimo.
Manter os R$ 300
O principal foco de discussões
do chamado "gabinete da crise"
ontem em Brasília foi o combate à
aprovação no Senado do salário
mínimo de R$ 384,29 segundo a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil). O governo discutiu ontem
a organização para derrubar a
medida e tomou a decisão de
manter o piso de R$ 300, independentemente do resultado.
Questionada sobre o fôlego do
governo para derrubar a medida
na Câmara, Dilma afirmou que o
governo avalia o salário mínimo
de R$ 384,29 como "incompatível
com qualquer política, defendida
por amplos setores da base aliada
e da oposição, no sentido do realismo fiscal".
Colaborou Janaina Lage,
da Folha Online, no Rio
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