JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nem todas as agências do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) devem ser reabertas amanhã em todo o país, embora essa seja a previsão do Ministério da Previdência Social com o fim da greve, iniciada no dia 2 de junho -hoje a greve completa 76 dias.
De acordo com o Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo), uma assembléia que será realizada hoje às 10h vai determinar o dia da volta dos servidores ao trabalho.
"Provavelmente, os postos da capital vão reabrir na quinta-feira, mas algumas agências do interior podem voltar a funcionar normalmente já na quarta [amanhã]", informou Pedro Totti, diretor do Sinsprev.
Segundo José Rubens Decares, também diretor do Sinsprev, não há certeza quanto à aprovação da proposta de acordo. Segundo Decares, "uma grande parte da categoria está indignada com a proposta do governo".
"Há um sentimento de humilhação de parte da categoria, porque a proposta [do governo] só prevê aumento em 2006, e nada em 2005. Além disso, os servidores aposentados receberão cerca de metade do que ganharão os que estão na ativa."
De acordo com o secretário de administração e finanças da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), Hélio de Jesus, a assembléia realizada ontem em Brasília para definir os rumos da greve aceitou a proposta de retorno ao trabalho amanhã.
"A proposta é muito ruim. Na assembléia, foram feitas várias críticas, mas acabou sendo aprovado o retorno ao trabalho na quarta-feira [amanhã]." Ele acrescentou, no entanto, que somente a plenária nacional, prevista para amanhã, tirará uma posição final da categoria sobre o acordo com o governo.

Evitar ir às agências
O diretor-presidente do INSS, Valdir Moysés Simão, fez um apelo para que os segurados evitem procurar as agências caso não tenham urgência no atendimento.
As agências que permaneceram fechadas ou com atendimento parcial durante a greve voltarão ao trabalho com horário ampliado em duas horas e abertura nos próximos três sábados. Mesmo assim, a Previdência calcula que o volume de benefícios acumulados chegará a 650 mil processos.
"Pedimos a compreensão dos segurados porque haverá aumento na demanda por pedidos [de benefícios]. É inevitável. Não temos capacidade física para atender a todas as pessoas. Fazemos um apelo para aqueles que possam esperar, sem ter prejuízos financeiros", disse Simão.
Na madrugada de sábado, o governo fez um acordo com os grevistas para pôr fim à paralisação. Na negociação, ficou acertado que os funcionários ativos terão direito a uma gratificação, o que representará aumento de cerca de 7% para os servidores ativos e 5% para os aposentados.