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ENERGIA
Governo poderá ser obrigado a reajustar de novo os combustíveis para cumprir metas do Orçamento
Petróleo e dólar complicam ajuste fiscal
VIVALDO DE SOUSA
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
A alta do preço internacional do
petróleo e das cotações do dólar
fez desabar a receita do governo
com o setor de combustíveis, que
hoje é incompatível com o resultado projetado para 2000, de R$
3,487 bilhões.
Isso significa que o governo, para manter as previsões do Orçamento do próximo ano, poderá
ser obrigado a autorizar novos
reajustes dos preços dos combustíveis.
As receitas do governo com o
setor vêm de um fundo chamado
PPE (Parcela de Preço Específica),
ou conta-petróleo, formado a
partir da diferença dos preços internos e externos.
Para chegar ao resultado previsto para 2000, a conta teria que gerar pelo menos R$ 290 milhões
por mês. O fluxo médio mensal
da conta-petróleo está em R$ 100
milhões.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury
Bier, disse à Folha que as projeções para o próximo ano terão de
ser revistas no futuro levando em
conta três fatores: 1) taxa de câmbio; 2) preço internacional do petróleo; e 3) uma eventual decisão
de repassar parte do aumento dos
custos do sistema para os consumidores.
Ou seja, se o preço internacional
do petróleo continuar subindo, o
governo poderá novamente autorizar reajustes nos preços internos.
Bier acredita, porém, que o preço internacional está muito alto e
deverá cair no próximo ano. Para
o câmbio, ele espera uma estabilidade na cotação.
Diante do aumento do preço internacional do petróleo e da decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de não reajustar
novamente os combustíveis, o governo reviu pela segunda vez a estimativa de saldo da conta-petróleo de 99. Agora, o saldo esperado
é de R$ 2,9 bilhões, e não mais de
R$ 3,24 bilhões.
De janeiro a agosto, o saldo acumulado ficou em R$ 2,42 bilhões.
A previsão para o saldo médio de
setembro a dezembro, que ainda
poderá ser alterada, é de R$ 100
milhões. Inicialmente, a idéia do
governo era arrecadar R$ 5,9 bilhões com a conta-petróleo neste
ano.
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério
da Fazenda, Claudio Considera,
disse ontem que, por causa do aumento dos preços do petróleo no
mercado internacional, o saldo da
PPE foi recalculado para baixo.
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