São Paulo, Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999
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SUPERMERCADOS
Rede se baseia em pesquisa
Carrefour não vê o varejo concentrado

MAURO TEIXEIRA
enviado especial ao Rio

O presidente do Carrefour para o Brasil, Jean Duboc, disse ontem, durante palestra no Rio, que a concentração do setor varejista "não existe".
Exibindo números de uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria A.C. Nielsen, Duboc afirmou que os números sobre a participação das grandes redes no mercado brasileiro "são exagerados e incorretos".
Após as últimas aquisições de redes de supermercados feitas pelo Carrefour e pelo Pão de Açúcar, a participação das cinco maiores redes no mercado brasileiro chegou a 43%.
De acordo com a Nielsen, o setor varejista movimenta R$ 30 bilhões a mais do que o número estimado pela Abras (Associação Brasileira dos Supermercados), que é de R$ 55 bilhões. Isso reduziria a participação dos gigantes no setor.
"Os que criticam o prejuízo que as últimas aquisições das maiores redes podem causar ao consumidor esquecem que o mercado é muito pulverizado e muito maior, não se resume a supermercados e hipermercados", afirmou Duboc, que, no entanto, julga o processo de concentração "inevitável".
Segundo a pesquisa da Nielsen, o setor varejista não-organizado, que inclui camelôs, padarias e pequenas mercearias, representa cerca de um terço do total movimentado pelo comércio.
Duboc disse que o faturamento do Carrefour, que em 99 deve superar os US$ 4 bilhões (R$ 7,2 bilhões), inclui produtos que não entram nas pesquisas oficiais, como a gasolina. "Isso mostra o equívoco de certas avaliações de uma superconcentração", afirmou o executivo.
Ele minimizou também a preocupação manifestada por alguns setores da indústria, que temem ser prejudicados por um possível endurecimento nas negociações com as grandes redes varejistas.
"Não entendo essa preocupação, já que os fornecedores são nossos parceiros, não nosso inimigos".
Há poucos dias, a Fiesp manifestou sua preocupação sobre a velocidade das fusões e o aumento das dificuldades nas negociações entre fornecedores e supermercados.
Falando para centenas de empresários do setor supermercadista que participam da Abras'99, o maior evento do setor no Brasil, Duboc aproveitou para alfinetar a indústria.
Ele exibiu dados levantados pela Nielsen que apontam forte concentração em alguns produtos. "Não estou acusando ninguém, mas apenas quero mostrar que este é um processo (a concentração) inevitável", afirmou.


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