São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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G20 decide retomar liberalização comercial

DOS ENVIADOS A WASHINGTON

Os líderes do G20 concordaram ontem em suspender, por um prazo mínimo de 12 meses, a adoção de qualquer nova barreira comercial em seus mercados como forma de estimular as transações entre os países.
No documento conjunto divulgado após a cúpula realizada em Washington, os chefes de Estado também se comprometeram a acelerar as negociações da Rodada Doha para a liberalização do comércio global.
O objetivo é avançar na chamada definição de modalidades, onde os países terão de concordar, em conjunto, em que medida e áreas poderão abrir seus mercados a economias aos concorrentes.
A Rodada Doha empacou por causa da resistência européia e norte-americana em reduzir os subsídios e seu protecionismo na área agrícola em contrapartida a uma abertura maior das economias emergentes.
Ontem, após reunião de cerca de duas horas com a negociadora americana na Rodada Doha, Susan Schwab, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, disse que a negociação ganhou relevância renovada. "O ponto principal é ver as negociações por um outro prisma. Se em julho um acordo era bom, agora, com a crise, é essencial."
O G20 acertou um prazo até o final deste ano para tentar um acordo sobre os pontos mais complexos negociados em Doha. Amorim afirmou que a pressão atual pela liberalização do comércio é enorme. "A responsabilidade de quem é ambicioso demais ou inflexível demais é muito grande", disse. Segundo Amorim, a crise econômica "moveu as placas tectônicas da ordem internacional". Para ele, o G20 se consolidou como instância decisória. "O G20 já tomou o lugar do G8 no FMI e no Banco Mundial."
Em seu discurso de encerramento da cúpula, o presidente dos EUA, George W. Bush, também afirmou que os países mais ricos devem permitir uma maior "representação e poder de voto" aos emergentes nas instituições multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial.
Os líderes do G20 também concordaram em revisar e ampliar as áreas de atuação dessas duas instituições. O Japão, por exemplo, afirmou estar disposto a disponibilizar mais US$ 100 bilhões para reforçar o caixa do Fundo Monetário.
Ontem pela manhã, como parte de uma série pacotes de ajuda a países afetados pela atual crise, o FMI aprovou uma linha de crédito de US$ 7,6 bilhões para o Paquistão.
Além da reunião de ontem, realizada no Museu Nacional de Washington por mais de cinco horas, os líderes do G20 participaram na noite de sexta de um jantar promovido por Bush na Casa Branca.
O Brasil ocupa a presidência do G20 neste ano. No jantar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi posicionado ao lado de Bush. No encontro de ontem, Lula e o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, também foram colocados ao lado do presidente americano e de seu secretário do Tesouro, Henry Paulson. (FCZ e AM)


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