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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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MERCADO ACIONÁRIO

Argentina e Brasil puxam valorização média de 80% em dólar nos 5 principais mercados da região

Bolsas da América Latina renderam mais neste ano

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Puxadas por Brasil e Argentina, as Bolsas da América Latina são as que apresentam a maior valorização ao longo de 2003. As cinco principais Bolsas da região acumulavam até o início de dezembro rendimento médio de 80% em dólares, segundo levantamento das consultorias Thomson Financial e GlobalInvest. Até o último dia 9, a Bovespa se valorizou em dólares 127,56% e a Bolsa de Buenos Aires, 124,85%.
Para a Thomson, foram duas as determinantes para esse movimento: a enorme liquidez (abundância de dinheiro) no mercado internacional, em decorrência dos baixos níveis de juros nos EUA e na Europa. E, depois, o fato de que os investidores, em um ambiente de menor incertezas política e econômica, decidiram se aproveitar dos baixos preços dos papéis nos países latinos.
No ranking elaborado pela GlobalInvest, entre as dez Bolsas que mais se valorizam no ano (todas, aliás, de países emergentes), cinco são da América Latina. A liderança é da Venezuela, com 140,4% (leia quadro nesta página), mas esse dado deve ser ponderado. A Bolsa da Venezuela não faz parte do grupo das cinco principais do continente em que estão Brasil, México, Argentina, Chile e Peru. O quarto posto no ranking global é ocupado pela Tailândia (valorização de 103,22%) e o quinto pela Turquia (87,57%). O primeiro representante dos países desenvolvidos, a Bolsa de Frankfurt (Alemanha), não passa do 12º posto, com valorização de 52%.
De sua parte, Guillermo Mazzoni, chefe do departamento de análise da Thomson, avalia que, a despeito da expansão deste ano, os mercados da América Latina são a segunda região com maior potencial de valorização no mundo, atrás somente dos mercados emergentes da Europa.
Para fundamentar seus argumentos, recorre a estudo feito com base na chamada relação preço/lucro projetado. Esse cálculo é feito da seguinte forma: divide-se a cotação do papel pelo lucro por ação projetado para o ano.
O coeficiente da relação preço/ lucro (P/L) para os emergentes europeus em 2004 é estimado em 9,39, enquanto o dos países da América Latina está em 9,96. Em tese, quanto menor essa relação, maior o potencial de valorização. Na América do Norte, por exemplo, a estimativa desse mesmo índice para 2004 está em 17,73. Nos países desenvolvidos da Europa, em 15,89 e nos da Ásia, em 15,33.
Se isolados os latino-americanos, a Bovespa desponta como mercado de potencial para os dois próximos anos. Seu coeficiente da relação preço/lucro projetado para 2004 ficou em 7,05. O da Bolsa do México (que rivaliza em importância com a Bovespa) está previsto em 11,65 para 2004.
"O investidor global destina 80% de sua carteira aos países desenvolvidos. Dos 20% que sobram, 5% são da América Latina. Ou seja, o Brasil tem que disputar com México e as demais Bolsas da região", afirma Mazzoni.
"A vantagem do Brasil nesse caso é que, além de a Bovespa continuar a ter um potencial de valorização maior, o país vive um ambiente econômico muito mais tranquilo que no ano passado e voltou a apresentar potencial de crescimento da economia", completa em referência a fatores que, ao lado do grau de abertura e volume de comércio, são analisados pelos investidores.


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