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Recuperação econômica demora mais para a classe média
Entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos, os últimos 17 meses trouxeram pequena diminuição do tamanho da classe A/B
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhoria das condições
econômicas do país ainda não
teve reflexos importantes para
as famílias mais ricas.
Entre as unidades familiares
com renda superior a cinco salários mínimos (mais de R$
1.900), os últimos 17 meses
trouxeram, ao contrário, pequena diminuição do tamanho
da classe A/B e leve expansão
da C (nessa faixa de renda, o tamanho da D/E é irrelevante).
Entre as famílias com rendimentos mais altos, foi de quatro pontos percentuais, desde
meados de 2006, a redução dos
participantes da classe A/B.
"A economia está crescendo
mais depressa para quem está
nas classes D e E, pois a política
econômica está focada na redução das desigualdades", diz o
economista Antonio Delfim
Netto. "Com o crescimento
mais robusto que vivenciamos
e o controle da inflação, esse
processo deve continuar."
O "espalhamento" do crescimento demonstrado pelo PIB,
contudo, também pode iniciar
processo de recuperação entre
a parcela que mais sofreu nos
últimos anos: a classe média.
Entre 2000 e 2006, a faixa
dos que recebiam mais de três
mínimos (R$ 1.140 hoje) perdeu 2 milhões de vagas formais.
Já a renda de quem entrou no
mercado naquele período ganhando mais de três mínimos
caiu 46% ante o que era pago
aos que foram demitidos.
Ou seja, houve seis anos de
achatamento salarial entre os
mais bem remunerados no Brasil. A reversão dessa tendência
pode estar a caminho.
"O mais provável é que, persistindo o atual ritmo de expansão da economia, haja um crescente aumento da procura por
mão-de-obra mais qualificada e
mais bem remunerada. Isso já
está acontecendo", afirma o
economista José Márcio Camargo, da PUC-RJ.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que
"agora é a vez de a classe média
começar a se recuperar".
"Esse processo poderá dar
novo ímpeto para a economia,
já que os membros da classe
média têm poder de compra
maior. Aliados à demanda das
parcelas mais pobres, o consumo e a produção tendem a ganhar ritmo mais elevado."
Apesar do achatamento recente da classe média e da melhora da situação dos que ganham menos, os dados do Datafolha mostram que as disparidades entre pobres e ricos no
Brasil continuam gigantescas.
Entre as famílias que ganham mais de dez mínimos (R$
3.800), 84% continuam na classe A/B, 13% na C e 2% na D/E.
Já entre as que recebem até
dois mínimos (R$ 760), só 4%
têm bens e consomem produtos que as enquadram na classe
A/B. A maior parcela (49%)
ainda permanece na classe D/E
e outro pedaço grande (45%)
está na C.
(FERNANDO CANZIAN)
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