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Até 30% do FGTS pode ser aplicado em fundo
Conselho curador do fundo aprova regras para aplicação e autoriza participação inicial dos trabalhadores de até R$ 2 bi
Oferta, que deve ocorrer entre março e abril de 2010, deve atrair cotistas do FGTS, que neste ano deve render menos que a inflação
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os trabalhadores com saldo
no FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço) poderão
aplicar até 30% do valor depositado na sua conta em projetos
de infraestrutura no final do
primeiro trimestre de 2010.
O Conselho Curador do fundo autorizou ontem a realização de oferta pública de R$ 2 bilhões para participação do trabalhador.
O investimento surge como
promessa de um bom negócio
para o trabalhador, pois permite elevar o rendimento de parcela dos recursos depositados.
A aplicação, no entanto, envolve riscos, pois não há garantia
de rentabilidade mínima.
Até agora, vinham sendo
aplicados nos projetos de infraestrutura do FGTS só recursos do patrimônio do fundo, e
não do trabalhador. O rendimento médio dos projetos nos
últimos 14 meses foi de 11,7%.
Por lei, os recursos do fundo
rendem ao trabalhador 3% ao
ano mais TR (Taxa Referencial). Neste ano, o rendimento
deve ficar perto de 4%, abaixo
da inflação.
Essa será a primeira vez que
os cotistas do FGTS poderão
aplicar seu dinheiro em obras
de energia, saneamento, rodovias, ferrovias, hidrovias e portos. A última oportunidade que
tiveram para aumentar o retorno do saldo foi a aplicação no
fundo de ações da Vale, em
2002. Dois anos antes, houve a
oferta de papéis da Petrobras.
Os recursos aplicados na Vale renderam 1.005,84% até ontem, segundo o Instituto FGTS
Fácil. No período, a remuneração do FGTS foi de 49,33%. A
aplicação no fundo de obras,
porém, deve render muito menos que o acumulado pelos papéis da Vale e da Petrobras.
Segundo as regras definidas
ontem pelo conselho, o resgate
do investimento nos projetos
de infraestrutura só poderá ser
feito um ano depois da aplicação. A antecipação só ocorrerá
nos casos já previstos pela lei.
Para investir nos projetos do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), o trabalhador
comprará cotas do FI-FGTS
(Fundo de Infraestrutura do
FGTS) por meio de fundo de investimento. No caso de a demanda superar a oferta de R$ 2
bilhões, haverá rateio.
O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse que o governo prevê a realização de outras ofertas
públicas, totalizando R$ 5 bilhões. "Inicialmente serão R$ 2
bilhões. Se sentirmos que houve concentração entre os que
têm saldos mais elevados, geralmente pessoas com mais informação, vamos estabelecer limites por valor do saldo."
A ideia é permitir que o trabalhador com saldo mais baixo
possa aplicar 30% do valor depositado em sua conta, conforme regra aprovada no Congresso, e cotistas com valores maiores tenham limites inferiores.
"Pensamos em adotar essa regra logo na arrancada, mas isso
poderia ser um freio. Temos de
ver primeiro o que vai ocorrer."
Segundo ele, a oferta para os
trabalhadores deverá ocorrer
entre março e abril. "Agora, a
CVM [Comissão de Valores
Mobiliários] vai regulamentar
o assunto. Além disso, vamos
esclarecer os trabalhadores por
meio de campanhas, explicando que, como outros investimentos de mercado, há risco",
acrescentou o vice-presidente
de fundos e loterias da Caixa
Econômica Federal, Wellington Moreira Franco.
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