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Brasil inicia corte de tarifas com 21 países
País começa a cumprir acordo assinado com parceiros do hemisfério Sul para redução de alíquotas nas trocas comerciais
Países se comprometeram a
cortar, a partir de setembro
de 2010, no mínimo 20%
das tarifas sobre pelo menos
70% dos itens negociados
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto a Rodada Doha de
negociações para a liberalização do comércio mundial continua emperrada nas desavenças entre países industrializados e os exportadores de produtos agrícolas, o Brasil deu
início ao cumprimento de um
acordo assinado com 21 parceiros do hemisfério Sul para a redução de tarifas nas trocas bilaterais.
A Camex (Câmara de Comércio Exterior) determinou ontem o começo do processo de
escolha dos produtos brasileiros que entrarão no acordo da
Rodada São Paulo do SGPC
(sistema de preferências comerciais entre países em desenvolvimento), assinado no
fim do novembro.
O conjunto de países que
participaram das negociações
se comprometeu a cortar, a
partir de setembro de 2010, no
mínimo 20% das tarifas incidentes sobre pelo menos 70%
dos produtos comercializados
dentro do grupo. O governo
avalia que o processo garantirá
ao Brasil acesso a mercados
tanto de produtos manufaturados como de matérias-primas.
O Brasil se comprometeu a
apresentar a proposta de redução tarifária até maio do próximo ano. Até lá, haverá consultas com os setores nacionais
que poderão se beneficiar com
a medida internacionalmente
ou serem expostos a maior concorrência dentro do país.
"O volume de aumento potencial de comércio é bastante
significativo", afirmou o embaixador Evandro Didonet, diretor do Departamento de Negociações Internacionais do
Itamaraty.
O grupo de países latino-americanos, africanos e asiáticos responde por 15% do comércio internacional, além de
13% do PIB mundial. No entanto, Didonet evitou comparar o
acordo com a Rodada Doha, de
futuro ainda incerto, que envolve todos os países integrantes da Organização Mundial do
Comércio. "É preciso ser cauteloso em relação ao provável impacto desse processo."
A Camex determinou a aplicação do direito antidumping
definitivo sobre as importações
brasileiras de fios de viscose de
Índia, China, Indonésia, Taiwan, Áustria e Tailândia. A medida vale por cinco anos.
A sobretaxação é aplicada
quando se verifica a prática de
comércio desleal em determinado setor, como preços no
mercado internacional menores que os apurados internamente nos países fabricantes.
Devido a uma investigação de
revisão do processo, a Camex
extinguiu a medida sobre resinas PET da Argentina, que vigorava desde o fim de janeiro.
O conselho ainda divulgou o
resultado da consulta pública
sobre as mercadorias americanas que podem ser retaliadas,
de acordo com o direito obtido
pelo Brasil no contencioso do
algodão na OMC. Foram recebidas 768 manifestações de setores da economia sobre a lista
de 222 produtos colocada em
discussão durante novembro.
Segundo a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola,
como o país ainda aguarda a divulgação dos resultados do ano
fiscal dos Estados Unidos, encerrado em setembro, a decisão
final sobre a lista de produtos e
o tamanho da retaliação só deverá ficar pronta em fevereiro.
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