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TELEFONIA
Segundo a Anatel, eram 46.373.266 no fim do ano; 76%, pré-pagos
Apesar da crise, sobe 33% total de celulares no ano
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de celulares cresceu
32,95% em 2003, apesar de as projeções para o crescimento da economia no ano passado estarem
próximas de zero. De acordo com
a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o país tinha
46.373.266 de celulares no final do
ano passado, contra 34.880.964
no final de 2002.
Quase todos os celulares são digitais -apenas 1,3% ainda usa o
aparelho analógico. Os celulares
digitais são mais modernos e permitem serviços como o de identificação de chamada. Com a rede
digitalizada, as operadoras podem habilitar mais linhas na mesma faixa de freqüência.
De acordo com análises das empresas e de consultores, o crescimento acontece por causa da
aquisição de aparelhos pré-pagos,
principalmente nas classes de
mais baixa renda, que precisam
do aparelho para trabalhar. Os telefones celulares pré-pagos são
76,24% do total. Eram 71,68% em
dezembro de 2002.
O número de celulares por 100
habitantes (densidade) também
aumentou. A média no Brasil era
de 20,33 em dezembro de 2002 e
passou para 26,22. A população
com mais aparelhos de telefone
celular está no Distrito Federal,
onde existem 72,02 celulares para
cada grupo de 100 habitantes.
A população que menos tem celulares é a do Maranhão, onde há
9,12 aparelhos para cada 100 pessoas. Em São Paulo, esse número
é de 31,55; no Rio, de 45,4.
De acordo com o consultor Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações, o crescimento da telefonia celular ocorre porque o celular virou um instrumento de inserção social: "O celular é um instrumento de obtenção de renda".
"O crescimento do mercado está acontecendo nas classes D e E.
Nas classes de mais alta renda não
há mais espaço para crescimento", explica. Segundo Quadros, o
uso do celular para trabalho nas
classes de menor poder aquisitivo
vale a pena, mesmo com a tarifa
sendo mais alta do que a de telefonia fixa. Segundo ele, o telefone fixo não compensa porque o trabalhador que presta serviços -como um bombeiro hidráulico, por
exemplo- não pode ser localizado a qualquer momento.
Além disso, os usuários de pré-pago usam o aparelho mais para
receber ligações do que para fazê-las."Por causa desse tipo de uso, o
que existe na prática é um subsídio da tarifa, que é paga por quem
está fazendo a chamada e solicitando o serviço", explica.
Segundo Quadros, hoje a telefonia celular concorre com a fixa
que "está estagnada", diz. Os números da Anatel indicam que entre outubro de 2002 e outubro de
2003 houve crescimento de 0,07%
na quantidade de telefones fixos.
No mesmo período, o número de
celulares cresceu 28,73%.
Crescimento
O setor de telefonia fixa trabalha
com uma quantidade de "terminais ociosos" de aproximadamente 10 milhões. Ou seja, há
aproximadamente 10 milhões de
linhas que estão disponíveis, mas
não são usadas: ou porque não há
pedido para instalação ou porque
foram canceladas.
Para Quadros, é possível que o
mercado de celular cresça 20%
neste ano. As empresas também
trabalham com a possibilidade de
o número de celulares aumentar
ainda mais em 2004. De acordo
com Amadeu Castro, presidente-executivo da Acel (Associação
Nacional das Prestadoras de Telefonia Móvel Celular), é possível
um crescimento de 10% ao ano
nos próximos dois anos.
As empresas também explicam
o crescimento do número de celulares pela necessidade da população de menor poder aquisitivo de
aumentar sua renda. "Com a crise
na economia, as pessoas precisam
de empregos e, para isso, precisam ser encontradas", diz Castro.
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