São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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TELEFONIA

Segundo a Anatel, eram 46.373.266 no fim do ano; 76%, pré-pagos

Apesar da crise, sobe 33% total de celulares no ano

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de celulares cresceu 32,95% em 2003, apesar de as projeções para o crescimento da economia no ano passado estarem próximas de zero. De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o país tinha 46.373.266 de celulares no final do ano passado, contra 34.880.964 no final de 2002.
Quase todos os celulares são digitais -apenas 1,3% ainda usa o aparelho analógico. Os celulares digitais são mais modernos e permitem serviços como o de identificação de chamada. Com a rede digitalizada, as operadoras podem habilitar mais linhas na mesma faixa de freqüência.
De acordo com análises das empresas e de consultores, o crescimento acontece por causa da aquisição de aparelhos pré-pagos, principalmente nas classes de mais baixa renda, que precisam do aparelho para trabalhar. Os telefones celulares pré-pagos são 76,24% do total. Eram 71,68% em dezembro de 2002.
O número de celulares por 100 habitantes (densidade) também aumentou. A média no Brasil era de 20,33 em dezembro de 2002 e passou para 26,22. A população com mais aparelhos de telefone celular está no Distrito Federal, onde existem 72,02 celulares para cada grupo de 100 habitantes.
A população que menos tem celulares é a do Maranhão, onde há 9,12 aparelhos para cada 100 pessoas. Em São Paulo, esse número é de 31,55; no Rio, de 45,4.
De acordo com o consultor Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações, o crescimento da telefonia celular ocorre porque o celular virou um instrumento de inserção social: "O celular é um instrumento de obtenção de renda".
"O crescimento do mercado está acontecendo nas classes D e E. Nas classes de mais alta renda não há mais espaço para crescimento", explica. Segundo Quadros, o uso do celular para trabalho nas classes de menor poder aquisitivo vale a pena, mesmo com a tarifa sendo mais alta do que a de telefonia fixa. Segundo ele, o telefone fixo não compensa porque o trabalhador que presta serviços -como um bombeiro hidráulico, por exemplo- não pode ser localizado a qualquer momento.
Além disso, os usuários de pré-pago usam o aparelho mais para receber ligações do que para fazê-las."Por causa desse tipo de uso, o que existe na prática é um subsídio da tarifa, que é paga por quem está fazendo a chamada e solicitando o serviço", explica.
Segundo Quadros, hoje a telefonia celular concorre com a fixa que "está estagnada", diz. Os números da Anatel indicam que entre outubro de 2002 e outubro de 2003 houve crescimento de 0,07% na quantidade de telefones fixos. No mesmo período, o número de celulares cresceu 28,73%.

Crescimento
O setor de telefonia fixa trabalha com uma quantidade de "terminais ociosos" de aproximadamente 10 milhões. Ou seja, há aproximadamente 10 milhões de linhas que estão disponíveis, mas não são usadas: ou porque não há pedido para instalação ou porque foram canceladas.
Para Quadros, é possível que o mercado de celular cresça 20% neste ano. As empresas também trabalham com a possibilidade de o número de celulares aumentar ainda mais em 2004. De acordo com Amadeu Castro, presidente-executivo da Acel (Associação Nacional das Prestadoras de Telefonia Móvel Celular), é possível um crescimento de 10% ao ano nos próximos dois anos.
As empresas também explicam o crescimento do número de celulares pela necessidade da população de menor poder aquisitivo de aumentar sua renda. "Com a crise na economia, as pessoas precisam de empregos e, para isso, precisam ser encontradas", diz Castro.


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